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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Resposta ao CD “Voz da verdade”

Por Natanael Rinaldi

                Fomos presenteados com um exemplar do CD “Voz da verdade” com três lindas músicas intituladas: “Imagem de Deus”, “Tu me amas” e “Deus conosco”. O CD, gravado pelo conjunto que leva o mesmo nome, está sendo distribuído gratuitamente em todo o Brasil simplesmente porque o referido grupo tem sido refutado nos meios pentecostais por causa da doutrina unicista que defende. Assim, acharam por bem contestar a doutrina da Trindade adotada pela maioria das igrejas evangélicas. Paralelamente às músicas selecionadas, o conjunto “Voz da verdade” sustenta a doutrina unicista de Deus abordando os seguintes temas: “O mistério de Deus: Cristo”, “O que Deus diz de si mesmo?”, “Quem é Jesus?” e “O batismo nas águas”.
       
                  O que diz o pregador
                 
      
         Análise do discurso
        O referido CD inicia sua mensagem chamando a atenção dos ouvintes ao exclamar: “Quem crê na Bíblia Sagrada? Esta é a pergunta para você que nos está ouvindo. A Bíblia Sagrada, um livro de 66 livros, de Gênesis a Apocalipse, fala de uma única pessoa: Jesus Cristo”. E prossegue: “Eu quero dizer que acredito na Bíblia Sagrada, e ela é o único livro e regra de fé do nosso ministério” (grifo nosso).
         Ora, afirmar que a Bíblia é a sua norma de conduta não quer dizer que os ensinos que esse pregador transmite e pratica estão baseados nela. As testemunhas de Jeová crêem na Bíblia, os adventistas também, mas seguem outras fontes para guiar suas vidas. Que a Bíblia fala de uma pessoa central, pois ela é cristocêntrica, não há dúvida. Que há um só Deus e que o primeiro mandamento proíbe a existência de outros deuses, nenhum cristão ortodoxo nega isso. Agora, dizer que há uma só pessoa de Gênesis a Apocalipse, isso não é bíblico. É heresia!
 
          Exame do livro de Gênesis
          Em Gênesis encontramos a palavra Elohim no primeiro versículo da Bíblia. A tradução desse nome, escrito em hebraico, é Deus, aparece 2.500 vezes nas Escrituras Hebraicas (Velho Testamento) e deixa implícito uma pluralidade de pessoas. Se traduzido literalmente, esse versículo ficaria assim: “No princípio, criou deuses os céus e a terra”. Entretanto, os judeus sempre foram monoteístas, ou seja, sempre creram na unidade absoluta de Deus. Como explicar então esse nome? Para vários rabinos, seria plural de majestade. Todavia, para os cristãos, desde a fundação da igreja, esse nome evidencia pluralidade de pessoas e unidade de natureza dessas pessoas.
         Que outra maneira haveria de explicar o emprego dessa palavra senão para indicar a pluralidade de pessoas neste único Deus? É importante ainda saber que existe outra palavra em hebraico para que possamos nos referir a Deus de modo singular: Eloah. O uso da palavra Elohim, com referência a Deus, é uma evidência da doutrina da Trindade, e essa questão se torna ainda mais acentuada quando a concordância dos verbos e os pronomes ocorrem no plural. Exemplos:
          1. Gênesis 1.26: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (grifo nosso).
          
            2. Gênesis 3.22: “Então, disse o Senhor: Eis que o homem é como um de nós...” (grifo nosso).
            Nota: O uso pronominal da primeira pessoa do plural do caso reto “nós” indica pluralidade de pessoas.
            3. Gênesis 11.7: “Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua...” (grifo nosso).
           Nota: Os verbos “desçamos” e “confundamos” na primeira pessoa do plural indicam pluralidade de pessoas.
 
            Exame do livro de Apocalipse
           Assim como Jesus não é a única pessoa da Trindade tratada em Gênesis, da mesma forma em Apocalipse, o último livro da Bíblia, temos o Senhor Jesus de modo proeminente, mas isso não significa que Ele seja a única pessoa de que trata o livro. Encontramos Cristo, junto ao Pai, recebendo adoração de todos os anjos do céu: “E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões, e milhares de milhares, que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças. Então ouvi a toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono (Deus, o Pai), e ao Cordeiro (Jesus Cristo, o Filho), sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre” (Ap 5.11-13 – grifo nosso).
           Podemos, ainda, citar uma referência à pessoa do Espírito Santo: “E do trono saíam relâmpagos, e trovões, e vozes; e diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete espíritos de Deus” (Ap 4.5 - grifo nosso).
            Devemos observar que a expressão em destaque está-se referindo à plenitude de operações do Espírito Santo em conexão com as palavras do profeta Isaías: “E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor” (Is 11.2).
             Assim, fica evidente de que não há base bíblica para sustentar a declaração do senhor Carlos Moisés de que a Bíblia “de Gênesis a Apocalipse está falando de uma única pessoa: Jesus Cristo...”. E, considerando a declaração de Gênesis 1.2, que diz: “...e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”, concluímos que temos sim as três pessoas da Trindade, muito embora o senhor Carlos Moisés discorde.
             Dessa forma, as referências bíblicas citadas, como, por exemplo, Is 1.18, 40.13, 42.8, 43.11-12, 44.6, 25, 45.5-6, 22 e 45.23, não contradizem o nosso modo de interpretar a Bíblia. Somos monoteístas. Entendemos, porém, que esse Deus único revelou-se em três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Não somos triteístas, como é alegado no referido CD.

               Pode-se crer na Trindade?
               Utilizando-se do mesmo raciocínio das testemunhas de Jeová, o senhor Carlos Moíses diz: “Onde estaria a palavra trindade aí? Não existe na Bíblia Sagrada, porque a Bíblia diz que Deus é um...”. E continua em seu discurso: “Ele diz eu sou. É  por isso que não existe uma trindade. Faço uma pergunta: onde está a trindade, três pessoas em uma só?... Quem que está falando da trindade... Quero dizer para você que não existe essa palavra na Bíblia Sagrada. Quero dizer que não há trindade na Bíblia, não há três deuses, não há três pessoas em uma só... Vou mostrar alguns erros da trindade biblicamente. Nós cremos na manifestação tripla de um mesmo Deus como Pai, Filho e Espírito Santo, mas não de três pessoas, nem de três deuses, mas de um Deus só que se manifestou nessas três formas” (o grifo é nosso).
               Negar a unidade composta de Deus simplesmente porque a palavra “trindade” não se encontra na Bíblia não é nenhum método científico de pesquisa. Pensemos um pouco: Quem existiu primeiro, as estrelas ou a astronomia, as plantas ou a botânica, a vida ou a biologia, Deus ou a teologia?. Todavia, os homens, em sua ignorância, conceberam idéias supersticiosas acerca das estrelas. O resultado foi a pseudociência da astrologia. Conceberam idéias falsas sobre as plantas, atribuindo-lhes poderes que não possuíam. Então, o que aconteceu? Passou a existir a feitiçaria. O ápice desses erros foi a cegueira espiritual dos homens que os levou a formar conceitos errados sobre Deus e, por conta disso, veio o paganismo.
               Será que o argumento do senhor Carlos Moisés pode provar que a Trindade não é uma doutrina bíblica? Claro que não. Embora a palavra “trindade” não apareça na Bíblia, o ensino dessa doutrina, porém, que comprova a existência de três pessoas distintas em uma só divindade, está implícito na Santa Escritura.
                A doutrina da Trindade não é antibíblica e deve ser aceita. Nos tempos antigos, esse ensino enfrentou severos ataques, o que forçou a igreja a definir com exatidão sua fé na Trindade. Esse erro que ressuscita hoje era conhecido como sabelianismo, doutrina esta que ensinava que o Pai, o Filho e o Espírito Santo eram apenas aspectos ou manifestações de Deus. A Bíblia nos ensina que o Pai é Deus, que o Filho é Deus e que o Espírito Santo é Deus, e isso não é triteísmo (triunidade) nem unicismo (mesma pessoa), mas santíssima Trindade. Rejeitar essa verdade é aceitar o politeísmo.
                O senhor Carlos Moisés cita ainda a palavra “Bíblia” e declara que nela não existe a doutrina da Trindade. Uma pergunta: “Onde se encontra nas Escrituras a palavra Bíblia?”. Em nenhum lugar. Então, como ele afirma crer na Bíblia? Seguindo o seu raciocínio, vejamos a sua alegação: “Nós cremos na manifestação de pessoas... de Gênesis a Apocalipse, está falando de uma única pessoa: Jesus Cristo”.
                Outra pergunta: Onde aparece na Bíblia a expressão “manifestação tripla”?. O senhor Carlos Moisés declara ainda que Deus se manifestou de “três formas”. Mas onde aparece na Bíblia a expressão em que Deus declara haver se manifestado de “três formas”? E, por fim, onde lemos na Bíblia: “Nós cremos na manifestação tripla de um mesmo Deus como Pai, Filho e Espírito Santo, mas não de três pessoas, nem de três deuses”?.
                Na verdade, ele crê “na manifestação tripla de um mesmo Deus como Pai, Filho e Espírito Santo” e que as palavras “Pai”, “Filho” e “Espírito Santo” se referem, não a três pessoas, mas, sim, a três “manifestações” de uma só Pessoa, cujo nome é Jesus. Assim, Jesus seria o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Aqui convém observar um solene aviso bíblico, exposto pelo apóstolo João: “Quem é o mentiroso senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse mesmo é o anticristo, esse que nega o Pai e o Filho” (1Jo 2.22).
                 Qual é a origem desse ensino herético? Certamente não se originou com o ministério “Voz da verdade”, que integra um grupo de igrejas tidas como pentecostais unicistas ou modalistas, junto com a igreja Tabernáculo da Fé, de Willian Marrion Braham, e a igreja Local, de Witness Lee.

                       Sabélio, um caso bem antigo
                       Sabélio é o mais famoso representante do modalismo. Ele viveu em 230 d.C e foi um ardente defensor dessa doutrina, além de refiná-la. Para ele, Deus assumira três fases ou manifestações, mas não três pessoas. A doutrina sabeliana acabou desenvolvendo o patripassionismo, ensino que asseverava que os sofrimentos de Deus Filho recaía necessariamente sobre o Deus Pai. Sabélio usava a palavra “pessoa” para cada Pessoa da divindade. Mas, para ele, pessoa tinha o sentido de máscara ou de manifestações diferentes de uma mesma Pessoa divina. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são nomes de três estágios ou fases diferentes. Deus era o Pai na criação e na promulgação da lei, Filho na encarnação e Espírito Santo na regeneração.

                   História do unicismo moderno
                   Essa doutrina surgiu em uma reunião pentecostal das igrejas Assembléias de Deus realizada em abril de 1913, em Arroyo Seco, nos arredores de Los Angeles, Califórnia, em uma cerimônia de batismo. O preletor, R.E. McAlister, disse que os apóstolos batizavam em nome do Senhor Jesus, e não em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ao ouvirem isso, as pessoas ficaram atônitas.
                   McAlister foi notificado de que seu ensino possuía elementos heréticos. Então, tentou esclarecer sua prédica, mas seu ensino já havia produzido efeito. Um dos ouvintes era John Sheppe que, após aquela mensagem, passou uma noite em oração, refletindo sobre a mensagem de McAlister. Depois disso, concluiu que Deus havia revelado o batismo verdadeiro: somente em nome de Jesus. O australiano Franck J. Ewart também adotou essa doutrina e, em 15 de abril de 1914, levantou uma tenda em Belvedere, ainda nos arredores de Los Angeles, onde passou a pregar sobre a fórmula batismal de Atos 2.38. Comparando a passagem de Atos 2.38 com Mateus 28.19, ele chegou à conclusão de que o nome de Deus seria o nome Jesus.

                  Um expoente dessa doutrina
                  Seguindo essa mesma linha de raciocínio, o cantor e compositor do conjunto “Voz da verdade” afirma: “Quem é Jesus? Eis a questão. A Bíblia diz: no princípio era o verbo, ele estava com Deus, e o verbo era Deus. O verbo é Jesus. Ele era e é! A Bíblia diz: o verbo se fez carne e habitou entre nós, então Deus se fez carne e habitou entre nós...”.
                   A Bíblia não declara que Deus (o Pai) se fez carne. Diz que “o Verbo era Deus” (Jo 1.1) e: “o Verbo (não o Pai) se fez carne, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de Deus” (v. 14).
                   Para esclarecer melhor a distinção de pessoas na divindade, lemos: “Ele (o Filho) estava com Deus (o Pai)”. O versículo 14 indica: “E o Verbo (não o Pai) se fez carne, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito (monogenes – único da espécie) do Pai, cheio de graça e de verdade”. Corroborando com essa posição, o mesmo escritor declara, em 1 João 4.2: “Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus”.
                     O texto é específico ao falar que Jesus Cristo foi que veio em carne. Um dos textos bíblicos que declaram que o Filho (Jesus) foi enviado por Deus, o Pai, é Gálatas 4.4: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei”.
                     Jesus, o Filho, foi enviado. Deus, o Pai, foi quem enviou. Aqui temos duas Pessoas distintas.


                      Jesus seria o Espírito Santo?
                      Depois de afirmar que Jesus é o próprio Pai, o senhor Carlos Moisés segue em sua exposição dizendo: “Eu quero provar que Jesus é o Espírito Santo e falar mais para vocês: será que o Espírito Santo tem sangue?”. Utilizando-se do livro de Atos 20.28, que diz: “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, a qual ele resgatou com seu próprio sangue”, ele declara: “Para quem sabe português, o texto está dizendo que o Espírito Santo nos resgatou com seu próprio sangue: quem morreu por você, meu amigo? Quem verteu o sangue por você a não ser Jesus Cristo, que morreu pelos nossos pecados?”.
                    Mas, onde se lê na Bíblia que o Espírito Santo é o próprio Jesus? Depois da ressurreição, o Senhor Jesus apareceu a seus discípulos e disse: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lc 24.39). Como poderíamos contrariar as palavras de nosso Mestre, que afirmou que um “espírito não tem carne nem ossos”. Seria coerente afirmar que o Espírito Santo tem sangue? Essa interpretação é um texto fora do contexto que gerou um pretexto.
                    Jesus referiu-se ao Espírito Santo como “outro Consolador” (Jo 14.16). A palavra “outro” utilizada aqui no original grego é allos, que significa “outro da mesma espécie, da mesma natureza, da mesma qualidade”. No grego, a palavra para consolador é para kletos, que quer dizer “ajudador”, “alguém chamado para auxiliar”, “um advogado”. Com isso, Jesus estava afirmando que iria para junto do Pai, mas permaneceria auxiliando o seu povo por intermédio do Espírito Santo.
                    Como podemos ver, o Espírito Santo seria enviado em nome de Jesus, e não que Ele seria o próprio Jesus. Onde está escrito na Bíblia que o Espírito Santo é o próprio Jesus? Por outro lado, Atos 20.28 não está falando “que o Espírito Santo nos resgatou com seu próprio sangue”. Antes, afirma, e faz isso com clareza, que quem derramou seu sangue para a nossa redenção foi Jesus Cristo, conforme relata o seguinte texto sagrado: “E da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dentre os mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados” (Ap 1.5).
                     Ora, se foi necessário que Jesus, já glorificado, voltasse ao Pai a fim de que o Espírito Santo viesse, como realmente aconteceu no dia de Pentecostes, como afirmar que Jesus é o Espírito Santo? O próprio Jesus disse: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado” (Jo 7.38,39).

                  Pessoas ou títulos?
                  Quanto a essa questão, o senhor Carlos Moisés assevera: “Você sabe que por duas ou três testemunhas é confirmada a palavra. Não há na Bíblia uma pessoa batizada nos títulos: Pai, Filho, Espírito Santo. Todas são batizadas em nome de Jesus, e é esse que você tem de receber, é o nome do teu noivo”.
                   Ora, quem não sabe que biblicamente a colação de que por duas ou três testemunhas é confirmada toda a palavra é correta? Entretanto, o senhor Carlos Moisés fala que Pai, Filho e Espírito Santo são apenas títulos. De fato, uma pessoa pode ter mais de um título, mas isso não significa que esses títulos sejam pessoas. Testemunhas são pessoas, não títulos. Vejamos alguns versículos:
               * “Se eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro. Há outro que testifica de mim, e sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro” (Jo 5.31-32 – grifo nosso).
                * “Mas se na verdade julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou. E na vossa lei está também escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai, que me enviou” (Jo 8.16-18 – grifo nosso).
                    Porventura não são duas pessoas que dão testemunho para que esse testemunho seja válido? O Pai testifica de Jesus. Conseqüentemente, são duas testemunhas ou duas pessoas, e não dois títulos.

                    Pela autoridade o nome de Jesus
                   Tomando por base o texto de Mateus 28.19, que diz: “Portanto, ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”, o senhor Carlos Moisés interpreta que Jesus “não mandou repetir as palavras Pai, Filho e Espírito Santo, mas disse em nome...”.
                  Ao observarmos a expressão “façamo-nos um nome”, encontramos um verbo no plural, indicando mais de uma pessoa, seguido pelo substantivo “nome” no singular, que também indica mais de uma pessoa. Semelhante ocorrência se dá em Mateus 28.19, quando um nome está indicando igualdade de natureza divina para as três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.
                  Por fim, perguntamos ao ministério “Voz da verdade”: de qual referência se vale para a realização dos batismos, considerando que os textos citados abaixo não são uniformes? Confira:
                *Atos 2.38: “...seja batizado em nome de Jesus Cristo...”
                 *Atos 8.16: “em nome do Senhor Jesus (omitido o nome Cristo)
                 *Atos 10.48: “...em nome do Senhor...” (omitido o nome Jesus Cristo)


                *Atos 19.5: “E os que ouviram foram batizados em do Senhor Jesus” (omitido Cristo).


                   Perguntamos ainda: qual das expressões acima é adotada pelo ministério “Voz da verdade”?. A fórmula batismal é inalterável?
                   O próprio batismo de Jesus nas águas do rio Jordão é uma resposta categórica de que Mateus 28.19 revela a existência de três pessoas, e não de três títulos, como aponta o líder unicista.

                   Analisemos o texto:


                  "E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus, descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.16-17).


                   Primeiramente, temos Jesus saindo das águas. Depois, o Espírito Santo descendo sobre Ele em forma corpórea de uma pomba. E, por último, temos a voz do Pai, dirigindo-se a Jesus e chamando-o de “Filho amado”. Surgem, então, indagações inevitáves: Quem falava do céu? Quem ouvia aqui na terra a voz daquele que falava do céu? Quem desceu sobre Jesus em forma corpórea de uma pomba?
                    Diante do exposto, fica claro que os textos de Atos que não mencionam as pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo referem-se à idéia de “pela autoridade de Jesus”, como se lê em Atos 3.16 e 16.18, em que a autoridade de Jesus é invocada, procedimento ratificado pelos pais da igreja primitiva, conforme veremos a seguir.

                    A patrística
                   “Eu fui numa biblioteca metodista e encontrei alguns argumentos... Até o ano 300 se acreditava que Jesus era o único Deus e só se batizava em nome de Jesus. Vieram os filósofos, Ário e outros, e começaram a filosofar em nome de Jesus dizendo: Ele é muito pra ele ser Deus... aí veio o Concílio de Nicéia, no ano 325, o primeiro Concílio, e acharam que o Pai era uma pessoa e o Filho outra... Eram dois” (grifo nosso).
                     Interessante. Ir a uma biblioteca e encontrar alguns livros não quer dizer que este seria o pensamento corrente dos pais apostólicos, principalmente quando não se faz citação da fonte. O compositor Carlos Moisés pode ter ido a uma biblioteca Metodista, mas não deve ter feito uma pesquisa científica. Se o fizesse, encontraria os chamados pais da igreja batizando na fórmula trinitariana. Citaremos alguns desses patriarcas para desfazer esta falácia.
                      IRINEU, cristão cerca do ano 190 A D. declarou:
                      “Temos recebido o batismo... em nome de Deus, o Pai, em nome de Jesus Cristo, o Filho de Deus que se encarnou e que morreu e ressuscitou de novo, e em nome do Espírito Santo de Deus”.1
                      O DIDAQUÊ ou Ensino dos Doze apóstolos, que apareceu cerca do ano 110 a.D, declara:
                       “Agora concernente ao batismo, batizai da forma: depois de dar ensinamentos primeiramente de todas as coisas, batizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo... O bispo ou presbítero, deve batizar desta maneira, conforme nos mandou o Senhor, dizendo: ‘Ide fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.2
                      JUSTINO MÁRTIR, escrevendo cerca do ano 165 A D., disse:
                      “São trazidos (os novos convertidos) a um lugar onde existe água e recebem de nós o batismo em água, em nome do Pai, Senhor de todo o universo, e de nosso Salvador Jesus Cristo e do Espírito Santo”.3

                       Uma pergunta fatal: A quem foi paga a nossa redenção?
                       A quem Cristo pagou o resgate?
                       Se a doutrina ortodoxa da Trindade for negada (não há distinção entre as Pessoas da Deidade, conforme quer o modalismo), Cristo teria pago o resgate ou à raça humana ou a Satanás. Posto que a humanidade está morta em transgressões e em pecados (Ef 2.1), nenhum ser humano teria o direito de exigir que Cristo lhe pagasse resgate. Sobraria, portanto, Satanás. Nós, porém, nada devemos a Satanás. E a idéia de Satanás exigir resgate pela humanidade é blasfêmia, por causa das implicações. Pelo contrário. O resgate foi pago ao Deus Trino e Uno para satisfazer as plenas reivindicações da justiça divina contra o pecador caído. As Escrituras exigem: “andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” (Ef 5.2).
                       Embora mereçamos o castigo decorrente da justiça de Deus (Rm 6.23), somos, porém, justificados pela graça mediante a fé em Jesus Cristo, somente. “É o que alguns tem sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus” (1 Co 6.11).
                       Fica claro que a doutrina essencial da expiação vicária, na qual Cristo carregou os nossos pecados na sua morte, depende do conceito trinitariano. “O unicismo subverte o conceito bíblico da morte penal e vicária de Cristo como satisfação da justiça de Deus e, em última análise, anula a obra da cruz”4 (grifo nosso).

Notas:
1 Citado por J. N. Kelly, Early Christian Doctrines – N. Y. Harper Row, 1958, p. 193.
2 Citado por Luisa Jeter Walker, no livro “Qual o caminho?”. Miami, Editorial Vida, 1980, p. 277.
3 Citado por Luisa Jeter Walker, no livro “Qual o caminho?” .Miami, Editorial Vida, 1980, p. 277.
4 Teologia Sistemática. CPAD, 1ª Edição, 1996, p. 280.

ARTIGO PUBLICADO EM: http://www.icp.com.br/50materia1.asp - ACESSO EM 02/09/10
                   Depois de citar passagens de Atos 2.38, 8.16, 10.48 e 19.5, o senhor Carlos Moisés fala que o batismo deve ser realizado somente em nome de Jesus, e não na fórmula de Mateus 28.19: “em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”. Perguntamos, então: um “nome” (singular) pode ser usado para mais de uma pessoa? É certo que sim! Basta lermos Gênesis 11.4: “E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus, e façamo-nos um nome (singular) para que não sejamos mais espalhados sobre a face de toda a terra”.
Nota: O uso do verbo “façamos” e do pronome possessivo “nossa” é revelador porque Elohim serve para indicar a pluralidade de pessoas.
Quem se apresenta como defensor das doutrinas características do unicismo é Carlos Alberto Moisés. Como mesmo declara, ele pertence ao ministério “Voz da verdade” e esclarece ainda que é guitarrista, cantor e compositor do grupo em questão. Sua esposa, Liliane, também cantora do grupo, o auxilia nessa defesa.

Um comentário:

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