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sábado, 11 de setembro de 2010

Unidade na Igreja..... Bênção ou Maldição?

Por: Haroldo Reimer

             Há muita exortação na Bíblia para que se mantenha o espírito de unidade na igreja. Por exemplo: “Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer.” (1ª Cor 1:10). “Esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz...” (Ef. 4:3). Devemos estar “firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica” (Fp 1:27). Jesus Cristo orou pela unidade dos seus seguidores (Jo 17:21), dizendo que esta união seria perante o mundo uma confirmação de Sua missão de Salvador.



             O apóstolo Paulo procurou a todo instante manter o espírito de união na igreja, seja entre os grupos ou entre os indivíduos (2ª Co 13:11; Fp 4:2e3). Quando havia espírito de união na igreja, ela tinha grandes vitórias. “E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.” (At 2?46-47). Quando havia discórdias dentro da igreja, ela se tornava carnal e infrutífera (1ªCor 3). O salmista disse: “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes. Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o SENHOR ordena a bênção e a vida para sempre.” (Sl 133).



            Sem nenhuma dúvida, a união entre irmãos é algo bom e agradável, algo belo e atraente, que alegra o nosso Deus. Uma benção!



            Paradoxalmente, a união também tem sido, e ainda pode ser uma das grandes maldições da igreja. Quando a união se torna um fim em sí, quando manter a união torna-se mais importante do que manter a integridade daquilo que nos une, então, em vez de ser uma benção para ajudar a Igreja, a união acaba destruindo a igreja.



           A história nos monstra qua a verdadeira Igreja, o Corpo de Cristo, foi preservada pelos homens que romperam com a união da igreja organizada. Desligaram-se da igreja (na sua extrutura organizada e dirigida por homens) para manter viva a Igreja (no seu sentido de corpo – a soma dos homens e mulheres redimidos pela obra expiatória de Cristo). Desligaram-se, não por rixas pessoais, questões políticas ou filosóficas, mas por profunds convicções baseadas na Bíblia, a Palavra de Deus.



          Quem hoje negaria o fato de que foi o rompimento de Lutero com a igreja organizada (e, como organização, a Igreja Romana era muito unida nessa época) que manteve viva a Igreja verdadeira de Cristo? Mais tarde, no século XVIII, Whitefield e Wesley romperam com a união da Igreja Anglicana, bem organizada, mas espiritualmente morta, e o resultado foi a formação da Igreja Metodista, que manteve viva a chama do Evangelho com salvação de milhões. No século passado, ainda na Inglaterra, o famoso pregador C.H. Spurgeon desligou-se da União Batista, então a maior força evangélica britanica. Ele o fez porque havia muitos pastores batistas que aderiram a alta crítica da Bíblia, e já criam na inerrância das Escrituras, nem sequer, na regeneração do pecador pela Fé em Jesus Cristo. Havia somente um ponto em comum entre eles: o batismo por imersão, algo que Spurgeon considerou insuficiente para manter a união. Hoje a expressão batista da Inglaterra é muito fraca. Spurgeon é tido entre nós como um dos grandes heróis da fé.



            No início do século passado houve uma brecha na união da Igreja Presbiteriana, e Eduardo Carlos Pereira liderou um grupo por causa de sua convicções sobre a maçonaria na igreja. Nasceu, então, a Igreja Presbiteriana Independente.



             Devemos concluir que a organização da igreja, com liderança e disciplina humana, é algo condenável? Obviamente que não, a própria Bíblia nos ensina que na Igreja deve existir liderança, e que a esta os crentes devem ser fiéis e obedientes para manter a unidade da Igreja. Manter a união da Igreja é importante para o sucesso na missão que Cristo nos entregou. Essa união, porém, precisa ser em Cristo, baseada na verdade da Palavra de Deus. A verdadeira união acontece quando todos os membros estão comprometidos na fidelidade total a Cristo e Sua Palavra, e não quando somos comprometidos apenas um com o outro, sem esse centro comum de convicções. Veja a ilustração abaixo.






         
             Na igreja de Cristo, um membro que não esteja ligado à verdade da Palavra de Deus deve ser afastado da união do grupo (2ª Jo 10-11). Da mesma forma, quando um membro de uma igreja percebe que ela não está comprometida pelas suas convicções a uma ligação de total fidelidade às Escrituras, deve afastar-se dessa igreja (2ª Tim 3.5)



             O curioso em tudo isso é que, quem procedeu assim no passado, é tido hoje como herói, mas quem tem a ousadia de fazê-lo hoje, é vilão.
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Trecho do livro: Cutucando o que as igrejas toleram e a Bíblia reprova.



Nota:
Reimer, Haroldo. Unidade na Igreja...Bênção ou Maldição?. In: Cutucando: o que as igrejas toleram e a Bíblia reprova/Haroldo Reimer. Porto Alegre: Actual, 2002. Cap. 12, p. 75-78.

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