Em todos esses meus anos de caminhada na fé, que não são tantos, se comparados aos que tenho pela frente, vejo um incontável número de pessoas que um dia declararam a fé em Cristo publicamente, hoje vivendo nas mesmas práticas, ou outras ainda piores do que aquelas nas quais andavam antes de estarem presentes nas fileiras de nossas denominações. Isso sem contar os que ainda se encontram em tais fileiras. Tenho meditado muito sobre isso, principalmente porque alguns ainda procuram embasamento nas Escrituras para defenderem seu posicionamento atual de rebelião contra Deus e Sua Santa Palavra. Coisas como “sete vezes cairá o justo, e se levantará” (Pv 24:16), “o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26:41), ou então que “De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim” (Rm 7:17), entre muitas outras. Usam o pecado de Davi para defenderem seu comportamento, quando a dureza do coração mais se parece com Saul. Alguns que tenho encontrado até param para conversar comigo, outros sequer querem dar ouvidos. Os que usam Davi como exemplo não seguem a mesma atitude de arrependimento que o rei teve quando foi confrontado pelo profeta Natã. Alguns me procuram, outros fogem. Encontro grupos variados. Alguns que realmente se vêem desesperados, querendo fugir das garras do pecado, mas não conseguem. Outros que querem que eu traga algo que conforte seus corações, mas que não os desafie a andar na Luz, no caminho estreito, porfiando em passar pela porta estreita, pois o próprio Senhor disse que poucos são os que por ela passarão. Explico sempre que antes de tudo importa nascer de novo (Jo 3:3,7), e isto é uma ação que começa em Deus e termina Nele. Alguns afirmam que nasceram, mas seus frutos têm mostrado algo bem diferente. Que fique claro que não me refiro à maturidade na fé, me refiro a um compromisso consciente para com Cristo. Suas obras são más, e têm criado um Deus para si, deus este que compactua com todas as suas práticas de imoralidade, avareza, mentira, bebedices, iras, dissoluções, maledicências, vaidade, soberba. Um Deus que supostamente chama seus filhos para caminhar rumo à eternidade com Ele, sem que aborreçam suas vidas neste mundo, chegando ao ponto de um me dizer abertamente: “eu bebo, fumo, pego mulezinha por aí, mas vou pro céu, PORQUE Deus conhece meu coração”. Ou seja, simplesmente desprezam a Graça de Deus, afirmando que o que os levará para a eternidade na presença do Altíssimo é algo bom que Deus achou em seus corações. Eles realmente são culpados, e caso não se arrependam, não serão poupados da Ira Vindoura.
Diante disso uma questão fica em evidência: Serão eles os únicos culpados de suas condenações? Não quero, de forma alguma, anular a responsabilidade individual da condenação de cada um (ensino claro das Escrituras. Ez. 18), mas será que devo desprezar o que tem sido pregado no evangelicalismo atual? Mestres que têm se preocupado mais em ensinar como viver neste mundo do que chamar pessoas ao arrependimento, que se convertam de seus maus caminhos. Temas importantes e fundamentais como “A ira de Deus”, “Justificação”, “Regeneração”, etc, foram execrados dos púlpitos, e argumentam que o motivo é justamente o fato de haverem muitas pessoas novas, e isso poderia afastá-las. Argumentaram pra mim que o lugar de arrazoar acerca destas coisas é no Seminário. Ou seja, você precisa entrar para um grupo específico para compreender a BASE do Evangelho. Simplesmente absurdo! Mais absurdo ainda é que tais seminários não são gratuitos, ou seja, você só entra para tal grupo seleto se tiver um certo poder aquisitivo. O que contradiz este argumento é que quando lemos as cartas neo-testamentárias, percebemos que elas eram endereçadas a igrejas compostas em sua esmagadora maioria por incultos e iletrados. Hoje é difícil encontrar algum analfabeto sentado nas fileiras de uma boa parte das denominações, e ainda assim não se pode falar no púlpito acerca de coisas que são a base do Evangelho. É uma incoerência que chega a irritar. Em João 6 vemos que a mensagem do Senhor Jesus foi dura, fazendo com que a multidão fosse embora, ficando apenas os doze. Na igreja de hoje ouvimos uma mensagem fraca, com o objetivo de manter toda a multidão, preterindo aos doze dispostos a ouvir as palavras de vida eterna. Querem que as pessoas se regozijem com a mensagem do Rei de que não punirá alguns dos rebeldes, e que esse Rei os ama, sem sequer explicar a rebelião, e porque você nasceu em rebelião. Querem que compreendam a Graça sem entender o peso da Ira de Deus esmagando Seu próprio Filho Jesus Cristo (Is. 53:10a), para não aplicá-la em mim, ou em você. E nisto me questiono: Devo mesmo desprezar a responsabilidades de tais mestres? Não sabem eles que serão julgados com maior rigor (Tg 3:1)? É impressionante o número de pessoas que aparecem com os mesmos discursos: “Tô mal, o clima lá em casa tá ruim. Tô precisando ir pra igreja”, ou “Meu casamento vai de mal a pior, meu marido não pára de beber. Preciso ir pra igreja”, ou “quero parar de usar drogas, vou pra igreja”. Elas estão erradas, em certos aspectos, de pensarem assim, e uma boa parte da culpa de assim procederem é exatamente da igreja. E o pior, tem muitos que continuam lá até conquistar tais objetivos. O tempo passa e jamais compreendem o real motivo da cruz de Cristo. Claro que não estão isentos de culpa, visto que a Bíblia está exposta a todos. Eu mesmo posso ser testemunha disto, pois uma boa parte do que aprendi a respeito da verdadeira fé não veio de púpitos, pelo menos não dos púlpitos de denominações em que estava na platéia. Vi muitos homens de Deus pregando nesse tempo de caminhada, principalmente através da internet, assistindo, John Piper, Paul Washer, Caio Fábio, entre tantos outros. Aprendi em debates em comunidades do orkut. Aprendi em inúmeros livros, e também com irmãos cheios de zelo pela Palavra. Mas aprendi, pricipalmente, com ela, a Bíblia Sagrada. O alimento que estão dispostos a te fornecer serve apenas pra te manter na religião evangélica, o que é mais uma religião entre tantas outras, que verdadeiramente não conduz ao Deus das Escrituras.
Um dia destes li uma reportagem da Revista ISTOÉ sobre um jogador, craque do nosso futebol. Descobri pela reportagem que ele é evangélico, criado desde novo na igreja. Seu pastor aparece na matéria todo orgulhoso ao falar sobre ele como membro de sua denominação. No texto fala sobre sua vida promíscua, onde pega um de seus carrões importados, passa na casa de uma menina, a leva para o motel, depois volta, deixa esta, anda 3 quarteirões e pega a outra e leva para o mesmo destino. E se diz seguidor de Cristo? Na reportagem dizia que ele era também fiel em seu dízimo de cerca de 40 mil reais. Pensei muito sobre isso, e cheguei a uma conclusão que me parece óbvia: Patrocinadores de denominações (às quais eu poderia chamar de empresas sem nenhum peso na consciência). Esse é um ótimo motivo para tais líderes de denominações não confrontarem o pecado de forma dura, assim como as Escrituras incitam. Não seria intere$$ante confrontar o pecado daquele que é o maior $u$tentador de sua denominação. É mais interessante que ele continue sentado nas fileiras da igreja, não importa se está convertido ou não, não importa se vai para o céu ou não, o que importa é que seja um dizimista fiel. O pastor do rapaz ainda diz na reportagem que sempre pede a ele para dar seu testemunho. Mas testemunho de quê? Qual o testemunho será dado? De como ficou milionário? De como comprou seu primeiro carro importado? De como faz para colecionar mulheres e viver na prostituição, lascívia e promiscuidade?
Até quando? Quantos mais continuarão sentados em nossas denomições, vivendo em rebelião, sem que dos púlpitos sejam chamados ao arrependimento? Até quando a religião será a única coisa que receberemos dos púlpitos? Quando é que pregarão a Verdade? É simplesmente desanimador. Cheguei ao ponto de ver qual será o pregador do culto de domingo para ver se vale a pena ir ou não, pois de acordo com o que é falado eu peco mais do que se estivesse em outro lugar. Peco irado e indignado com o descaso com a pregação do Evangeho genuíno. Portanto não é surpreendente que eu encontre pessoas que falem que irão para o céu, mesmo vivendo em toda sua prática de rebelião contra o Deus Todo Poderoso. Sofro com isso, e tenho muitos amigos que caminham comigo que sofrem também. Escrevo isso com lágrimas nos olhos, e me perguntando: Até quando? Quando comecei a caminhar na fé, li muitos estudos que diziam a Babilônia prostituta que lemos em Apocalípse era a Igreja Católica. Hoje, sinceramente, não ficaria surpreso se lesse algum estudo dizendo que tal prostituta corrupta é a igreja evangélica, corrompida pelo dinheiro, pela sede de poder, por todo tipo de prática absurda contra a Palavra. O objetivo aqui não é fazer uma exegese do texto de Apocalípse, até porque não creio seja específico para Igreja Católica ou Evangélica, ou seja lá qual for. Defendo que Cristo não é de uma denominação, e nem fundou qualquer religião. Cristo veio para salvar homens pecadores em rebelião contra Deus. Alguns amigos já me disseram que Cristo era mais amoroso em Sua Palavras do que os pregadores que gosto de ouvir. Óbvio que era, ninguém pode ser mais amoroso que Ele, mas ninguém também pode ser tão duro contra o pecado quanto Ele é, foi, e sempre será. Pois Ele é quem foi moído por causa do meu pecado, e do seu também. Não poupou dureza e firmeza nas palavras dirigidas às lideranças religiosas de Israel. Foi amoroso sim, com os pecadores arrependidos (que foram conduzido ao arrependimento por Ele mesmo), mas foi muito duro com os duros de coração. Tenho consciência de que muitos quando lerem este texto pensarão que me acho mais que alguém, ou que seja mais santo que outros. Siceramente espero que quem ler este texto consiga enxergar que minha crítica e reclamação é exatamente pelo fato de que sei o quanto sou falho, o quanto sou pecador, e o quanto necessito de alimento vindo dos púlpitos. Exatamente por isso reclamo. Preciso ser confrontado em meus pecados. Preciso ouvir de homens comprometidos com a Verdade da Boa Nova de Cristo, pra me incitar a caminhar em uma vida digna de ser chamado de seguidor de Cristo. Sou falho, pecador e fraco, extremamente necessitado da Graça do Senhor Jesus Cristo, que não somente me salvou, mas que me conduz caminhando aos trancos e barrancos, contudo firme nas pisaduras da fé.
Oro ao Senhor que tenha misericórdia de mim se eu estiver equivocado nas coisas que escrevo. Não sou o dono da verdade, mas me aplico a compreender a Verdade, não para impô-la aos outros, mas para aplicar em minha vida. Encerro este texto com a oração de São Francisco de Assis, que sinceramente tento fazer dela a minha oração.
“Senhor, fazei-me instrumento de Vossa paz. Onde houver ódio que eu leve o amor. Onde houver ofensa que eu leve o perdão. Onde houver discórdia que eu leve a união. Onde houver dúvida que eu leve a fé. Onde houver erro que eu leve a verdade. Onde houver desespero que eu leve a esperança. Onde houver tristeza que eu leve alegria. Onde houver trevas que eu leve a luz.
Ó, Mestre! Fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado. Compreender que ser compreendido. Amar que ser amado. Pois é dando que se recebe. É perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna.”
Que a Graça do Senhor Jesus Cristo seja sobre todos nós!
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Artigo Publicado originalmente em: http://sejamoshonestos.blogspot.com/2011/07/ate-quando.html
Autor não Declarado
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