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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Qual é a autoridade máxima na Igreja?

Por: Pedro Henrique Vilela de Medeiros

                      Recentemente um amigo compartilhou o tema da pregação em sua igreja: lealdade. Nela o líder expressava que os membros daquela denominação deveria ser totalmente leal ao Pastor e a visão da Igreja, porque só desta forma eles irão alcançar o crescimento que procuram. Entenda crescimento não como “espiritual”, mas numérico. Isto faz sentido, pois se eles querem crescer numericamente aplicando os métodos que entendem ser mais viáveis, só irá acontecer se eles tiverem “trabalhadores” fiéis ao Pastor e a visão da Igreja.
                        O lamentável de toda esta situação é que a Palavra de Deus não foi colocada em jogo. Simplesmente foi explanado que devemos ser totalmente submissos ao Pastor e a denominação. Portanto, não importa se o Pastor está indo contra princípios bíblicos, devo ser “100%” fiel o Pastor.
                          Esta visão de submissão contradiz o princípio geral sobre submissão que a Bíblia nos ensina. Sabemos que devemos ser submissos aos líderes espirituais, às autoridades físicas, aos nossos pais. Porém, quando se trata das autoridades do governo e a lei, todos nós concordamos que devemos submissão a eles, somente até o momento que as leis não vão contra os princípios de Deus. Isto também fica muito claro na questão de submissão na família, que devemos submeter-se aos nossos pais, e a mulher ao seu marido, no Senhor (Ef 6:1). Submeter-se no Senhor, significa que a partir do momento que aquele a quem devo submissão estiver ensinando ou exigindo algo fora “do Senhor”, ou seja fora dos princípios de Deus, eu já não devo mais submissão a Ele. Toda submissão bíblica que devemos à homens, deve ser feita no Senhor. Isto inclui a submissão na Igreja, entre os líderes e os liderados. Porém, nossos líderes não têm ensinado estas coisas, para eles, devemos obedecê-los sempre, independente se eles estão contradizendo as Escrituras ou não!
                         O exemplo dado pela denominação do meu amigo seria cômico, se fosse apenas uma exceção no contexto geral da Igreja, mas não é, tornando-se um dado trágico. O mesmo que aconteceu nos séculos da reforma, está acontecendo hoje. Eu afirmo que o mesmo espírito papal da Igreja Católica na Idade Média, paira sobre a liderança de modo geral da Igreja Evangélica. Eles afirmavam que o Papa era o representante de Deus na terra, a autoridade máxima da Igreja, sua palavra tinha mais valor que as Escrituras. Quando Deus levantou os reformadores, uma das coisas que eles afirmaram foi: Sola Scriptura! Isto é, a Palavra de Deus é a única regra de fé que temos e é a autoridade máxima da Igreja do Senhor, não o Papa!
                          Quando se afirma que as Escrituras é a autoridade máxima da Igreja, a primeira impressão que dá, é que estamos praticando idolatria a um livro, e fazendo-o Deus! Porém, não é este o caminho que estamos percorrendo. Temos que entender que quem rejeita as Escrituras como autoridade máxima da Igreja na Terra, rejeita a Cristo como autoridade, ao mesmo tempo, que afirmar que a Palavra de Deus é a autoridade máxima, estamos entronizando Cristo como Rei e Senhor da Igreja. Isto fica claro quando lemos os versos a seguir.
           “Adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia.”Ap 19:10


“Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam;”Jo 5:39



                             Aqui vemos que as Escrituras testemunham a respeito de Jesus, e na verdade o espírito de toda a profecia (crendo que a bíblia é a revelação completa e suficiente de Deus para a Igreja) é Cristo. As Escrituras como autoridade máxima da Igreja deve nos levar a adorar Deus e não a “letra”.
                             Quanto as Escrituras como fundamento da Igreja, vemos isto claramente em Ef 2:20.
                              Os apóstolos e os profetas são os que lançaram o fundamento da Igreja, funda-mento este que tem como centro Cristo Jesus. Alguns tendem a crer que o ministério apostólico deve ser restaurado, para que tenhamos novamente o fundamento da Igreja. Não é este o caminho! Antes de explanar sobre as Escrituras como o meio pelo qual os apóstolos e profetas fundamentam ainda hoje a Igreja, quero falar sobre a questão dos apóstolos.


“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;”
                               A definição para “apóstolo” é “enviado”. Quando tratamos deste termo em geral, nós temos como apóstolos os onze discípulos, mais Matias, mais Paulo, mais todos aqueles que foram enviados por Deus para uma missão. Neste sentido, a Bíblia chama Barnabé de apóstolo (At 14:1-4), chama Andrônico e Júnias de apóstolo (Rm 16:7). Quando o termo “apóstolo” abrange todos os enviados, podemos relacioná-lo com o que conhecemos hoje como “missionários”. Pois eles exercem função de ir até lugares não evangelizados para “fundar” a Igreja do Senhor lá. Isto fica evidente, pois em At 14:4, Barnabé é chamado de apóstolo, e em At 13:1-3, ele foi separado e enviado (apóstolo). Assim, tratando apóstolo neste sentido, ainda hoje temos este tipo de apostolado, ou seja, os missionários.
                              Porém, quando se trata de um aspecto mais especifico sobre os apóstolos, vemos que a bíblia se restringe aos onze, Matias e Paulo. Isto porque as condições para que alguém fosse apóstolo é ter andado com Jesus do inicio ao fim de seu ministério e testemunhar sua ressurreição (At 1:21-22). Além disto, os sinais de um apostolado são maravilhas e milagres, eles são dados para confirmar as mensagens dos apóstolos e a validade de seu ministério (1Co 12:12 e Mc 16:20). Paulo defende seu apostolado pelo seu esforço e por seus muitos sofrimentos (1 Co 10-12). Todos os apóstolos carregaram as marcas do sofrimentos de Cristo. Paulo fala que era o menor dos apóstolos, pois por mais que fosse separado para apóstolo aos gentios e foi testemunha real da ressurreição de Cristo, ele não andou com Cristo (1Co 15:9). Sobre Paulo, também vemos, que ele era apóstolo como que por abortivo, ou fora do tempo, ou ainda, significando ser ele o último dos apóstolos (1Co 15:8).
                              Como ainda com tantas evidências de que neste sentido (dos onze, mais Paulo e Matias) já não há mais apostolado, alguns podem reivindicar para si tal titulo e ministério? Eles andaram com Jesus? Testemunharam fisicamente a ressurreição de Cristo? Os sinais de um apostolado seguem os seus ministérios e confirmam as suas palavras? Receberam a marca dos sofrimentos de Cristo?
                              Podemos afirmar, portanto, que em Ef 2:20, os apóstolos citados, não podem estar vivos hoje, mas são os apóstolos e líderes da Igreja do primeiro século. Temos contato com o fundamento que eles lançaram através do Novo Testamento! Da mesma forma, quando o verso refere-se aos “profetas”, não temos homens hoje que lançam o fundamento do qual Cristo é o centro, já que Paulo deixa claro que não se pode lançar um fundamento sobre outro que já foi lançado (1Co 3:11) mas referem-se aos profetas do Antigo Testamento! Sendo assim o Ant. Testamento e o Novo Testamento é o que lança fundamentos na Igreja! O fundamento é Cristo!
                               Assim, a autoridade máxima da Igreja não são lideres, mas a Palavra de Deus! Isto não significa que os líderes levantados por Deus não tenham autoridade, sim eles têm! Significa apenas que a Palavra de Deus está a cima deles como autoridade na Igreja e toda vez que meus líderes saem fora dos princípios da Palavra, já não lhe devo submissão, mas sempre submissão a Deus e Sua Palavra!
                               Na questão da Sola Scriptura há algo que precisamos também nos atentar. Ela só tem real valor quando através dela vemos Cristo. Pois como vimos, Cristo é o centro do fundamento em (Ef 2:20), enquanto em 1Co 3:11 é citado como o próprio fundamento! Quando conhecemos as Escrituras, mas não conhecemos o Cristo que ela nos revela, estamos tão perdidos quanto aqueles que submetem-se cegamente os líderes da Igreja. Estaremos vivendo uma ortodoxia morta.
                               A Escritura é apenas letra morta se o Espírito Santo não nos revelar Cristo nelas (2Co 3:6). Os fariseus examinavam as Escrituras, mas não achavam o Cristo que elas testemunhavam. Assim, o que buscamos não é um estudo morto e vazio das Escrituras, nem simplesmente fazer da “letra” nossa autoridade máxima. Antes, buscamos fazer do Cristo revelado nela e de todos os ensinamentos contidos nela, nossa autoridade máxima. O caminho para tal é valorizar o estudo bíblico revelado e ungido pelo Espírito Santo, buscando em cada Escritura achar Cristo.



                               O Reação Reforma busca afirmar o Sola Scriptura! Somente a Palavra de Deus como regra da nossa fé e das nossas prátias, somente a Bíblia como autoridade máxima da Igreja!

Um comentário:

  1. Então Pedrinho concordo contigo com os pontos que voce levanto, creio e entendo que a base de um avivamento eh verdadeiramente um retorno as bases do verdadeiro conselho de Deus! coisa que a maior parte do mundo chamado evangelico rejeita! Jr 6:16
    Mais eh isso eh continuar colocando tais pontos em cheque!

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