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segunda-feira, 5 de julho de 2010

O sentido...... Que Todo o Ser Procura (2º Cap)

Capítulo II
A FLORESTA ESQUECIDA

     O cinturão verde no Sopé do Pico das Neves, instigava a imaginação das pessoas devido sua mata fechada, haviam lendas sobre o lugar, histórias sobre uma tribo indígena perdida, e que, segundo às histórias, esses índios eram canibais.
     Pedro conhecia essas lendas, mas precisava subir o Pico, pois imaginava que do outro lado teria alguma pista sobre qual rumo tomar, e o caminho mais curto até o monte era pela Floresta. Ele sabia que havia o risco de se perder, já que boa parte dela era de mata fechada impossibilitando-o de ver a cordilheira à frente. Como ele havia aprendido com o Professor Saul que o musgo das árvores nascia na direção norte, foi se orientando pela floresta e marcando as árvores por onde passava.
     Após algum tempo andando escutou um som familiar, alguém estava cortando uma arvore por perto, aproximou com cautela na esperança de que algum lenhador de outra Vila próxima lhe desse alguma informação, mas ainda sim havia o temor de que fosse algum daqueles índios, quando já estava próximo viu que se tratava de uma moça que por sinal estava usando o machado de forma errada.
     Pedro – Quer ajuda?
     Moça – Hã? Quem é Você?
     Pedro – Me chamo Pedro sou da Vila dos Simplórios e você?
     Moça – Eu sou Helena e não, eu não preciso de ajuda.
     Helena então se virou, resmungando, e continuou a bater com o machado na arvore.
     Helena – Homens, quem precisa deles? Não passa de um bando de convencidos isso sim.
     O garoto ficou ali olhando a cena até que ela se cansou, Pedro não agüentou e soltou um sorriso.
     Helena – Que foi? Sabe fazer melhor?
     Pedro – Bom... deixe eu tentar.
     Então pegou o machado e começou a bater no tronco e em poucos minutos a árvore estava no chão.
     Helena – Hum! Sorte de principiante. E agora vai rir de mim como os outros?
     Pedro – Mas por que eu faria uma coisa dessas? Helena certo? Você não tem medo de ser capturada pela tribo de índios canibais?
      Helena – Canibais? Onde?
     Pedro – Aqui na floresta, você nunca ouviu falar da tribo de índios canibais que vivem aqui?
     Helena – Só existe uma tribo de índios nesta floresta e eu faço parte dela e ninguém é canibal lá. Onde já se viu falar isso da gente?
     Pedro – O quê? É... bom..., me desculpe mas a senhorita não parece uma índia não.
     Helena – Ah é? E quantas índias o “senhor” já viu?
     Pedro – Bem... nenhuma, mas... você está vestida
     Helena – Ué! Queria que eu estivesse nua?
     Pedro – NÃO! Claro que não. Mas seus olhos... sua pele... você é muito bonita e as índias dos livros do professor Saul são horríveis e....
     Helena – Ora obrigada pela bonita, você também não é nada mal. Mas sou índia sim. Onde aprendeu a fazer aquilo?
     Pedro – O que? Ah, a árvore? Foi meu pai quem me ensinou.
     Helena – Então o que um garoto como você faz aqui na floresta esquecida?
     Pedro – Estou a procura da “Razão da Vida”
     Helena – Acabou sua procura colega, eu conheço a razão da vida.
     Pedro – Sério, não é possível, todos esses anos e a resposta estava alguns quilômetros da minha casa. Então o que está esperando me conte. Qual é a razão da vida.
Helena – Vem comigo, vou te mostrar.
     Pedro mal podia acreditar, sua busca levara menos de um dia, era um sonho que se realizava. Minutos depois estavam os dois no meio de uma clareira em frente um poste estranho de madeira com figuras de animais esculpidas uma em cima da outra.
     Pedro – O que é isso?
     Helena – Isso é um Totem, ele nos protege dos maus espíritos.
     Pedro – Maus espíritos?
     Helena – É maus espíritos. Espíritos que querem nos destruir por dentro, arruinar nossas colheitas, aniquilar nossas famílias, nossa tribo...
     Pedro – Isso é tolice Helena, como pode um poste de madeira com uns animais esculpidos te proteger de alguma coisa? Pare e pense por um instante, isso é racional?
     A jovem ficou em silêncio por um instante refletindo, isso nunca havia passado por sua cabeça, mas talvez o Xamã soubesse responder a essa pergunta. Então rompeu o silêncio.
Helena – Quero que conheça alguém. Ele saberá responder suas perguntas.
     Os dois seguem por uma trilha que os levava ao centro da Floresta onde ficava a Aldeia Esquecida. A vista era realmente impressionante, a Aldeia era construída no alto das secóias, haviam pontes que ligavam uma árvore a outra, formando uma imensa rede que mantinha toda tribo interligada. As escadas era talhadas nos troncos das árvores, permitindo o acesso do solo.
      Helena – Vamos subir, quero que conheça alguém que pode te dar um sentido para a vida.
     Pedro reluta por um momento, mas acaba aceitando, a escalada é difícil para ele, definitivamente estas não eram as goiabeiras da casa de João.
     Helena – Já está anoitecendo, vamos comer alguma coisa, amanhã falaremos com o Xamã.
     Estava Helena ainda falando quando algumas pessoas se aproximaram com ar de deboche, um deles (que se chamava Pequeno Rio) disse:
     Pequeno Rio - Então Helena? Conseguiu cortar alguma árvore hoje?
     Helena – Há! Há! Há´! Muito engraçado.
     Helena – Pedro esse é o meu irmão, Pequeno Rio com seus amigos machistas. E aquele é meu pai, Grande Águia, o chefe da Tribo.
     Grande Águia era um homem de meia idade, magro e alto, sempre com um sorriso no rosto. Ele chegou abraçando carinhosamente a filha.
     Grande Águia – Conseguiu o que queria filha.
Helena – Sim mas tive ajuda dele. Pai este é Pedro ele é um simplório e está no meio de uma busca que chegou ao fim. Não é mesmo Pedro?
     Pedro – É. Eu espero que sim
     Ela então continua:
     Helena – Amanhã vou levá-lo para conhecer o Xamã. Ele quer um sentido para vida.
Grande Águia – Veio ao lugar certo meu rapaz. Nosso Xamã lhe dará alento espiritual. Mas está na hora do jantar vamos comer alguma coisa, você deve estar faminto.
Para o jantar havia muitas frutas e raízes. Durante a refeição a família da moça não tirava os olhos do rapaz que fazia careta ao comer algumas raízes amargas, o que levou todos as gargalhada. Após o jantar todos foram se deitar, Pedro, no entanto, se debruçou em uma janela e ficou olhando na direção de sua vila.
     Helena, então, se pois ao seu lado.
     Helena – Algum Problema? Não vai dormir? Amanhã você tem um dia cheio.
     Pedro – É que é a primeira vez que durmo longe da minha casa.
    Helena – Eu sei como é. Uma vez me perdi na floresta e levei três dias para achar o caminho de volta. Meu pai quase morreu de preocupação.
    Pedro abriu um sorriso.
    Helena – Isso! Viu é assim que eu gosto. Se alegre! Amanhã já poderá retornar para sua casa, agora vamos dormir. Estou exausta, e o “senhor” também deve estar.
     No outro dia pela manhã, os dois foram juntos até a casa do Líder Espiritual da Tribo – o Xamã. Chegando lá a moça tomou logo a palavra.
     Helena – Olá Xamã! Quero que conheça alguém, este é Pedro Simplório. E Pedro esse é o nosso Grande Xamã
     Xamã – Olá meu rapaz, qual o seu problema?
     Pedro – Eu gostaria de descobrir a razão da vida... A vida não pode ser só isso o que vemos, deve existir uma causa final de todas as coisas, uma razão para existirmos. E Helena disse que o senhor pode me ajudar.
     Xamã – Isso é verdade eu realmente posso lhe ajudar. A vida é fundamentada em quatro elementos: Água, Terra, Fogo, e Ar estes elementos nos ajudam a expressar-nos e a viver, nos ajudam também, a entrar em sintonia com a Mãe natureza. Os animais do poder se comunicam conosco nos transmitindo suas características...
    Pedro – Que animais são estes?
    Xamã – São os espíritos de animais como urso, águia, lobo...
    Pedro – Desculpe Xamã mas isso não é lógico, espírito de animais? Elementos que nos ajudam? Mãe natureza? Nada disso faz sentido. Água e fogo não tem consciência, da mesma forma a terra e o ar. Não podem fazer nada por nós. E aquele poste de madeira? Lhes protege do que? De espíritos maus? Como um pedaço de madeira pode fazer alguma coisa?
     Diante das indagações do garoto o “grande Xamã” hesitou por alguns instantes (Helena ficou estática, sem saber o que fazer), e então continuou:
     Xamã – Venha comigo meu Jovem, vou entrar em contato com os espíritos.
    Os três entraram no interior da casa do Xamã, ele então fez sinal para que se sentassem.  Amassou algumas ervas e cactos e deles fez um chá, o qual bebeu na frente deles passados poucos minutos entrou num estado de transe e então começou a falar algumas palavras vazias e sem nexo. Ao terminar aquela “sessão” Pedro agradeceu educadamente e saiu, a indiazinha o seguiu em silencio, ao se afastarem da casa do Xamã, ela percebendo a frustração do amigo pergunta:
     Helena – E então? O que achou?
     Pedro – Qual sua idade Helena?
     Helena – 16, por quê?
     Pedro – Como pode ter acreditado nessas crendices a vida toda? Isso é tolice Helena. As plantas que ele usou lá na casa são alucinógenas, estudei botânica, a erva era a ayahusca e o cacto era o peiote, ele disse um monte de bobagens influenciado por drogas.
     Ao ouvir aquilo Helena olhou para ele num misto de raiva e repulsa.
     Helena – Você pensa que sabe tudo não é? Mas é como todos no resto do mundo viraram as costas para nós, nos esqueceram, e por quê? Porque se acham melhores do que gente.........Vamos, você vai se despedir do meu pai e vai embora.
    Seguiram em silencio até a casa de Grande Águia. Ao chegar foram recebidos por toda a família. O chefe da casa que vinha na direção deles pergunta:
    Grande Águia – E então como foi? Tudo resolvido?
    Helena responde asperamente:
    Helena – Tudo pai. Ele vai embora agora.
    Grande Águia – Não seja rude minha filha. E então? Como foi rapaz? Tudo resolvido?
     Pedro – Na verdade não, receio que vocês estão sendo enganados. O Xamã é um homem bom... mas o que ele ensina é um monte de crendices, seu contato com os espíritos é causado pelo uso de ceras plantas que reagem quimicamente no corpo gerando alucinações.
     Ao ouvir aquilo todos ficaram perplexos. Nunca suas crenças haviam sido questionadas, e as afirmações de Pedro eram inquietantes de mais para serem ignoradas.
     Grande Águia – Se o que diz é verdade, então...
     Uma fúria se apodera de Pequeno Rio que avança sobre o Simplório, empurrando-o.
Pequeno Rio – Quem você pensa que é? Hã? Para vir aqui, na nossa aldeia e questionar nossas fé?
    A índia, percebendo que seu pai parece confuso não esboçando nenhuma reação, rapidamente se coloca entre o irmão e o amigo.
     Helena – Calma Pequeno Rio! Pai tomei uma decisão, eu vou com o Pedro, e nós juntos vamos encontrar a razão da existência, o sentido da vida.
     – O que? – Bradaram todos.
    Helena – É isso mesmo, vou com ele, já tomei minha decisão. Se ele tiver razão, precisamos encontrar um caminho mais alto que o nosso!
     Grande Águia – Mas minha filha...
     Helena – Não me empeça pai, por favor, eu já sei me cuidar, o senhor sabe disso, e o Pedro é inteligente, saberá lidar com as adversidades.
     O Chefe da Tribo sabendo que nada faria sua filha mudar de idéia concordou, mas com a condição deles passarem mais uma noite ali. Durante o resto do dia nenhuma palavra foi dita a respeito do assunto (na verdade muito pouco foi dito sobre qualquer assunto), Helena passou o resto do dia na preparação para a viagem, e Pedro, sentado só num canto, pensando em tudo o que aconteceu naqueles dias.
     No outro dia, ainda bem cedo, a moça acordou o amigo dizendo:
     Helena – Vamos dorminhoco! Temos uma longa jornada pela frente.
    Grande Águia reuniu todo o Clã que com muitas lagrimas se despediu dos dois. Isso fez o jovem recordar de sua família, pois alguns dias a trás as lágrimas eram de seus pais.
     Grande Águia – Vocês estão levando suprimentos para alguns dias, e roupa para a travessia do pico. Tome conta da minha filha rapaz. E quanto a você mocinha, juízo. Espero que encontrem logo o que procuram e depois nos tragam as novas.
    A moça pulou no pescoço do pai beijando-o.
      Helena – Te amo Papai.
     Grande Águia – Também te amo minha filha. Leve essa bússola que meu Pai comprou de um mercador anos atrás.
     Pedro – Precisamos ir Helena. Grande Águia obrigado pela sua hospitalidade, e fique tranqüilo vou trazer sua filha de volta.
     Os dois então desceram, enquanto a família da moça dava brados de guerra. Uma vez no solo, cruzaram rapidamente a floresta, já que Helena conhecia como ninguém o caminho.  Quando saíram da Floresta puderam ver frente a frente o “topo do mundo”.

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