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sexta-feira, 9 de julho de 2010

O sentido...... Que Todo o Ser Procura (3º Cap)

O PICO DAS NEVES

          
          Uma cordilheira pra ninguém botar defeito, seu pico mais alto era coberto pelas nuvens (tinha oito mil e trezentos metros de altura), apesar disso não era impossível escala-lo, dezenas de aventureiros já haviam tentado a proeza de subir ao pico, embora muito poucos houvessem conseguido, estes construíram muitas trilhas que facilitava o trajeto.

          Helena – E então sabichão? Qual é o Plano?

          Pedro – Bom! Vamos subir até perto das nuvens, uma vez lá, contornamos até o outro lado. De lá poderemos ver quase o mundo todo, então podemos pensar qual caminho tomar, levando em conta, é claro, o que procuramos.

           Helena – Então vamos, não há tempo a perder.

           Dizendo isso a índia tomou a dianteira. Após algumas horas de subida, Pedro rompeu o silêncio:

           Pedro – Por que quis vir comigo?

           Helena – Quero ver sua cara quando essa busca falhar e você ter que admitir que eu estava certa.

           Pedro sorri, e continua:

           Pedro – Acho que alguma coisa dentro de você está dizendo que estou com a razão. Estou errado?

           Ela então para aliviando o alforje.

           Helena – Acho melhor pararmos um pouco e comermos alguma coisa, você já está delirando. Faça uma fogueira que eu vou pegar alguma coisa para comer, esses pães no seu alforje já estão ficando duros.

          O Jovem acena com a cabeça consentindo com a idéia, alivia sua bagagem e começa a pegar alguns gravetos secos para fazer fogo, enquanto isso a moça já se embrenhava por entre os arbustos, para algum tempo depois retornar com dois coelhos nas mãos. Aquela garota era realmente incrível, ela mesma preparou os coelhos .

         Helena – Já é tarde Pedro, vamos comer andar até próximo à parte congelada da montanha e acampar.

         Pedro - Tudo bem.

         Já era noite quando resolveram parar, acenderam então uma outra fogueira para espantar os coiotes e, usando seus alforjes como travesseiro, se deitaram cada um de cada lado do fogo.

          Helena – Fale-me sobre seus pais.

          Pedro – Meus pais são maravilhosos, meu pai se chama Henrique ele trabalha na moagem do trigo produzido na aldeia e é um excelente lenhador, nós brincávamos de arremessar o machado dele nas árvores na maior distância possível, minha mãe se chama Priscila e é ótima na preparação de pães, na época do Natal e da Páscoa ela faz um pão de frutas delicioso. Quando voltarmos vou pedir para ela fazer um só para você, está bem? É sinto muita saudade deles.... E você? Por que compete tanto com seu irmão?

          Helena – Ah deu pra perceber? É que ele é mais velho, e em nossa tribo os homens mandam e as mulheres só servem para ficar dentro de casa cuidando da família, totalmente dependente deles. Mas eu não. Vou provar pra todos que não preciso de nenhum homem para viver.

          Os amigos continuaram a conversar até que pegaram no sono. A escalada no outro dia foi muito mais difícil, a neve chegava até a cintura em alguns pontos. Uma nevasca atrapalhava a visão do caminho, o frio era intenso. Temendo que eles se separassem, Pedro teve uma idéia e como o barulho do vento era muito alto, gritou para a moça que vinha logo atrás:

          Pedro – Você tem uma corda ai?

         Helena – Sim. Por que?

         Pedro – Temos que ficar juntos, vou amarrar uma ponta em volta de mim e a outra em volta de você. É mais seguro assim.

        Helena – Isso é bobagem, só vai atrapalhar.

        Pedro – Por favor Helena.

        Ela olha nos olhos dele balança a cabeça, e retira a corda do alforje.

        Helena – Está bem, mas acho isso uma perda de tempo.

         A escalada continua difícil, o vento soprava mais forte ainda, em alguns momentos quase não se viam, mas, amarrados, não corriam o risco de se perderem um do outro. Com auxílio da bússola, que Pedro sabia usar muito bem, chegaram até uma parte mais plana na montanha.

         Pedro – Conseguimos agora é só dar a volta, o pior já passou.

         O que eles não podiam imaginar o que estava por vir, uma tempestade de neve logo caiu sobre eles te tal modo que mal podiam avançar. O zumbido do vento era intenso. O garoto então diminuiu o passo e voltou-se para a amiga

         Pedro – Precisamos encontrar um abrigo, não se deve ficar numa tempestade de neve.

         Helena, que vinha atrás, protestou:

         Helena – Quem te falou esta asneira, vamos logo, eu não estou agüentando mais, todos os meus ossos doem com esse frio, quanto mais rápido sairmos daqui melhor.

         Pedro – Não é perigoso, o Professor Saul ens...

         Helena – Professor Saul, Professor Saul sempre ele.

         Pedro – Ele é muito inteligente, não fale assim del... Que barulho foi esse?

          Helena – Eu não ouvi barulho nenhum.

          Pedro – Shiiiu! Tem alguma coisa aqui, estou vendo uns vultos correndo em nossa direção..... São lobos, corre! Eles devem ter nos seguido da parte baixa da montanha.

         Usando a força que lhes restava, os dois correram o máximo que podiam, a nevasca continuava a castigá-los, os lobos avançavam sobre eles, foi quando eles ouvirão um estrondo vindo do chão. O rapaz, que ia na frente, virou-se rapidamente e gritou

          Pedro – Helena pare!

         Era tarde de mais, o chão embaixo dela abriu-se, engolindo a moça e os lobos com ela, como ele havia ficado em cima de uma parte firme se jogou em direção ao solo, quando a corda que os ligava esticou, puxou Pedro que se segurou na boca do precipício. Mas o nó em volta dele afrouxou e se soltou, forçando-o a segurar a corda com uma das mãos. Pendurada pela corda Helena gritava desesperada:

        Helena – Não me solta Pedro, não me solta, por favor. Eu não quero morrer, eu não quero morrer.

        Pedro – Não vou soltar, não vou soltar. Calma! Nós vamos sair dessa. Já me equilibrei. Fica calma.

       A corda cortava a mão do garoto fazendo o sangue escorrer. Ele tentava com todas as forças subir, mas nada adiantava. A índia tentava de tudo, mas quanto mais ela tentava subir mais a corda escorregava das mãos do amigo, por fim, já consolada, percebendo que não havia saída. Gritou (com a voz embargada por lágrimas,):

        Helena - Me solta Pedro ou morreremos os dois.

        Pedro – Não! Nunca! Eu consigo.

        Embora a índia insistisse com o jovem simplório, este se recusava a desistir. Quando tudo parecia perdido, uma outra corda foi lançada para Helena, um Senhor barrigudo de longas barbas brancas (cujo nome era Noel) segurou na mão de Pedro e o puxou, depois gritou para a Helena:

         Noel – Agarre a corda minha jovem. Ho! Ho! Ho! Já vou te puxar.

        Aquela risada era familiar, e o dono dela acabara de salva-los.

        Noel – Venham não se deve ficar numa tempestade assim.

       Os garotos se acomodaram num trenó (que curiosamente era puxado por três pares de renas), e exaustos pegaram no sono. Ao acordar Pedro se viu sentado em uma aconchegante poltrona, com Helena em outra ainda dormindo ao seu lado, olhou para o curativo em sua mão então falando tão baixo que mais parecia um sussurro chamou a amiga:

       Pedro – Helena! Helena! Acorda.

       Ela ainda abria os olhos quando um senhor gorducho de longas barbas brancas vestindo um casaco de veludo vermelho passou pelo cômodo, que parecia uma sala de estar, com livros na estante, cabeças de animais pendurados na parede como se fossem troféus e uma lareira acesa.

       Noel – Enfim acordados, eu já estava preocupado, querem um chocolate quente? Não aceito não como resposta. Fiquem a vontade vou até a cozinha buscar.

      Quando se viram a sós, Pedro, ainda sussurrando, perguntou:

       Pedro – Como você está?

       Helena – Viva.... Graças a sua persistência? Como está sua mão?

       Pedro – Doendo um pouco, nada demais.

       Helena – Por que não largou a corda, poderia ter morrido sabia?

       Pedro – É isso que fazem os amigos... Seguram a corda.

       Helena sorri e a conversa é interrompida pela chegada do velho senhor.

       Noel – Aqui está, isto é ótimo, tomem vai faze-los se sentirem melhor. Vocês tiveram sorte sabiam? Podiam ser atacados por cães selvagens. Os primeiros aventureiros os trouxeram quando tentavam escalar o Pico, como seus donos morreram, eles acabaram se multiplicando aqui e voltando a um estado selvagem, hoje atacam tudo que se mexe nas montanhas, dezenas de pessoas já morreram devido aos seus ataques.

       Pedro – O senhor é ele não é? Quero dizer.... O senhor é o Papai Noel certo?

       O velho senhor então estufou o peito abriu um sorriso e respondeu.

       Noel – Sim sou eu.

      O garoto então se ergueu na poltrona. E continuou:

      Pedro – Puxa! Eu mal posso acreditar... o senhor é o símbolo do natal sabia?

      Aquelas palavras mudaram a feição do velhinho que num tom de amargura respondeu:

      Noel – Pobre criança, você acha que eu sou a razão de ser do Natal?

      Pedro não gostava de ser chamado de criança, mas relevou por ser o velhinho tão ilustre personagem, além do mais queria ouvir o que Noel tinha a dizer.

       Noel – Eu não sou ninguém! Sou apenas uma sobra daquele que tudo é. Os homens me usaram para ofuscar o verdadeiro sentido do natal. O pior foi que as pessoas se deixaram levar, pensam que natal é um dia de dar e receber presentes e ter um velho gordo descendo pela chaminé. Natal é muito mais do que isso, é a comemoração pelo dia em que o Rei mudou a história do universo dividindo-a no meio, em antes e depois Dele. Por isso estou aqui, abandonei o Pólo Norte e me refugiei aqui no topo do Pico das nuvens, onde ninguém pode me achar. Mas o Rei. Ele sim é alguém que merece ser lembrado. Quando eu me encontrei com Ele minha vida mudou, nunca mais fui o mesmo. Vivo em função dele e muito me envergonho em saber que as pessoas preferem a mim do que à Ele, que é infinitamente mais amável, e mais bondoso do que eu.

         Helena, que nunca ouvira falar de natal ou Papai Noel, estava achando aquilo tudo confuso, então perguntou:

         Helena – Existe uma Mamãe Noel?

         A pergunta fez a feição do velhinho mudar novamente, e com um sorriso respondeu:

        Noel – É claro que sim. Mamãe venha cá, por favor.

         Uma senhora, com uma aparência muito amável, adentrou a sala e se colocou ao lado de Noel.

         Mamãe Noel – Olá crianças!

         Noel – Querida estes são?

        Helena – Helena! Meu nome é Helena, e o meu amigo se chama Pedro. Estamos procurando o Sentido da Vida

        Noel olhou para sua senhora, com olhar alegre.

        Noel – Oh, que procura mais nobre. E como vai a busca?

        Pedro – Até agora nada.

        Noel - Espere essa tempestade passar e levo vocês ao sopé do monte.

         Helena – Gostaríamos de descer até uma altura que pudéssemos enxergar o mundo todo.

        Noel – O mundo todo? Acho difícil. Mas os levarei até a uma altura que possam ver uma boa parte dele. Agora vamos comer algo, não sei quanto a vocês, mas estou faminto.

       Pedro – Uma última pergunta senhor Noel. O senhor falou sobre alguém que mudou o mundo? Um Rei? Aquele que tudo é e que te reduz a nada. Quem é ele?

      Noel – Se você não desistir de sua busca vai encontrá-lo no final. Por hora só isso que posso lhe adiantar.

      Durante o jantar continuaram a conversar sobre a jornada até ali. Tudo era muito aconchegante, Mamãe Noel era uma grande cozinheira. Após a refeição senhor Noel saiu, e os garotos continuaram a conversar com a senhora Noel, e dando boas gargalhadas das histórias que Helena lhes contava sobre as brigas entre ela e seu irmão Pequeno Rio. Algumas horas depois o senhor Noel chegou informando que a tempestade já havia passado e que estava às ordens caso quisessem partir. Os dois amigos então agradeceram a bondade do casal em acolhê-los, e resolveram partir o quanto antes.

       Conforme havia prometido, Noel os levou até o local almejado por Pedro, que junto de Helena tiveram a visão mais espetacular que jamais poderiam conceber, dali podiam ver quase o mundo todo.

       Noel – E então para onde vão?

       Pedro – Vamos seguir para o leste.

       Noel – Então, acredito que nos despedimos aqui. Sucesso crianças.

        Helena abraça-o carinhosamente.

       Helena – Obrigado Papai Noel, o senhor salvou nossas vidas.

      Pedro fez o mesmo, e depois de uma rápida despedida a jornada é retomada, quando já estavam no meio da descida, a moça que até aquele momento estava quieta, virou-se para o amigo dizendo

      Helena – Estava certo, a respeito do uso da corda, isso salvou minha vida, por que não se gabou como fazem todos os meninos?

     Pedro – Você é uma boa pessoa e estou muito feliz com a sua companhia, por que eu riria de você? Prefiro rir com as pessoas a rir delas.

ESTE TEXTO É PARTE INTEGRANTE DO LIVRO:" O sentido...... Que Todo o Ser Procura" DE DIOGO HENRIQUE DE SÁ.
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