Quando era novo convertido, eu sempre ouvia pregadores e professores de escola dominical atacando alguns dogmas da Igreja Católica Romana, como a transubstanciação e o purgatório. Mas nenhum dogma era tão atacado como o da "infalibilidade papal". Lembro-me das críticas ácidas acompanhadas pelos trejeitos indignados de quem criticava, bem como a expressão de satisfação por parte da liderança ao ouvir tais ataques. Faço aqui uma pausa para esclarecer que, como cristão e apologista, não concordo e nem defendo tais dogmas do romanismo, por entender que não têm respaldo em contexto bíblico. Mas não posso deixar de observar que o feitiço voltou-se contra o feiticeiro. Parece mesmo que, de uns tempos para cá, a liderança evangélica passou a acreditar que é infalível. Da boca pra fora dizem que são humildes servos do Senhor, mas na prática sequer admitem ser questionados, e quando o são, prontamente disparam trechos da bíblia separados de seus contextos: "não toqueis nos meus ungidos" ou "ai daquele que tocar no ungido do Senhor". E que tal "obedecer é melhor do que sacrificar"? Mas nenhum desses versículos é mais citado do que Hebreus 13.17.
Então, logo após essa colcha de retalhos ter sido pronunciada, a liderança inicia uma verborragia em favor da obediência cega e casuísta, irracional e não-crítica.
Ok, ok... sei que alguém dirá: Mas está escrito que devemos obedecer os nossos pastores! E eu concordo em gênero, número e grau! Realmente, a obediência agrada a Deus. A Palavra do Senhor deixa claro que devemos obedecer ao pastor, e apoiá-lo em seus projetos na igreja local, pois foi posto por Jesus (Ef 4.11).
1) o escritor inspirado NUNCA teve em mente que devemos obedecer à uma liderança corrupta;
2) o texto NÃO significa que devamos nos sujeitar à pastores egocêntricos;
3) NÃO significa que um pastor tenha o direito de invadir o espaço vital da membresia;
4) NÃO significa que devamos nos calar diante do favoritismo e do opinismo dentro da igreja;
5) o texto NÃO faz referência à ditadores de terno e gravata;
10) o texto NÃO menciona que o líder está acima da crítica.
E antes que algum pastor infarte, vou logo dizendo:
a) "não tocar no ungido do Senhor" refere-se à não ferí-lo fisicamente com o fim de matá-lo. NÃO SIGNIFICA que não possa criticá-lo. Não posso atentar contra a vida do ungido, ferindo-o para matar. Mas posso, alegoricamente falando, cortar-lhe um pedaço da roupa, e roubar-lhe o jarro d'agua e a lança (1Sm 24.4,11; 26.11,12), com o fim de mostrar-lhe que, quem manda na igreja ainda é o Senhor Jesus.
b) "obedecer é melhor do que sacrificar" (1Sm 15.22) refere-se à insensatez de Saul, que trouxe ovelhas e bois dos amalequitas, quando deveria ter destruído-os também. Logo, obedecer (o mandamento do Senhor de matar até mesmo os animais dos amalequitas) era melhor do que sacrificar (os animais que Saul poupou). Assim, a rebeldia do rei foi pior até mesmo que feitiçaria. O texto fala de obediência à Deus!
c) A expressão "anjo da igreja" (Ap 1.20; 2.1,8,12,18...) refere-se à tarefa para a qual o pastor foi posto na igreja, nada tendo que ver com autoridade. A palavra anjo significa mensageiro. Em outras palavras o texto mostra que o pastor tem a responsabilidade de entregar a mensagem. E só!!!
Agora pode infartar! Publicado orinalmente em:
http://pt.shvoong.com/humanities/religion-studies/1985413-cr%C3%ADticas-um-apologista-epis%C3%B3dio-infalibilidade/
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