Por Giuliano Miotto, servo
Quando era membro de uma certa denominação, tínhamos aquele modelo de discipulado onde nos reuníamos nas casas e era chamado de célula. Lembro que antes da reunião eu pesquisava sobre que iríamos falar, orava para Deus gerar conversões e um detalhe importante, algumas horas antes da reunião eu limpava o ambiente, tirava a sujeira do chão, dos móveis, jogava o lixo fora, lavava e passava pano, enfim. Tudo tinha que estar perfeito, ou quase isso. Convidávamos as pessoas para virem para a célula e ficávamos excitados com todas as possibilidades daquela reunião, do que Deus poderia fazer e de quantas pessoas passariam a ser novos discípulos. Confesso que isso me ajudou muito no meu crescimento espiritual, mas havia algo de errado.
Primeiro que a forma que usávamos para evangelizar era como uma armadilha, um estratagema para conseguirmos pelo menos mais um prosélito para nossa denominação. Tanto que o ápice desse negócio era quando conseguíamos levar as pessoas da célula para o famoso encontro de consolidação e matricular as mesmas na escola de líderes. Afinal, ganhar, consolidar, discipular e enviar eram o lema da visão celular.
Por fim, o objetivo maior dessas reuniões era que fizéssemos o trabalho pesado para que o nosso pastor pudesse ver a igreja crescer a cada dia, com pessoas pulando felizes e caindo no chão pela unção, tudo muito lindo caso o lugar para onde estávamos levando aquelas pessoas estivesse limpo e cheio de pessoas íntegras. Mas, pelo contrário, era um lugar cheio de problemas, de pessoas hipócritas, egocêntricas e fofoqueiras. Um verdeiro show de horrores com pessoas sorridentes na porta para nos receber.
Antes que você me apedreje por estar expondo algum mal da “igreja-instituição”, prossiga um pouco mais comigo.
Eu sei que existem pessoas doentes num hospital e que isso é normal em um hospital. Também sei que existem pessoas igualmente doentes, pecadoras e cheias de falhas dentro das igrejas. No entanto, me diga o que você faria se chegasse a um hospital e encontrasse a maioria dos seus empregados jogando fora conversa fiada pelos corredores, outros na frente do espelho cuidando apenas de si mesmos, a enfermeira trancada na sala do médico fazendo sabe lá o quê, outros dormindo na hora do serviço e você, ou uma pessoa amada, estivesse morrendo numa maca e esperando horas por atendimento nesse hospital?
Pois é justamente isso que tem acontecido nas igrejas institucionais, as grande maioria das pessoas que dizem fazer parte daquele “corpo” estão apenas fingindo que se preocupam com os perdidos, com a situação da sua denominação e com o Reino de Deus. Dizem que são cristãs, mas nem se preocupam em limpar suas igrejas direito. São apenas espectadores de um culto-show e depois vão para suas casas continuar na mesma vida de pecado, mentira, fofoca, maledicência, corrupção etc.
Esses irmãos não gostam de enfrentar os problemas da igreja pois acham que isso é algo para ser resolvido apenas a “nível de diretoria”, é coisa para os pastores e líderes tratarem a portas fechadas. Mas não é isso que vemos no livro de Atos dos Apóstolos. Quando surgiu um problema na Igreja veja como eles procederam: “Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos, com toda a igreja, eleger homens dentre eles e enviá-los com Paulo e Barnabé a Antioquia, a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens distintos entre os irmãos.” (Atos 15:22) Ou seja, eles chamaram toda a Igreja para a decisão, de modo que não foi uma reunião de diretoria apostólica reservada, acessível somente a pastores e líderes, mas algo que envolveu toda a Igreja que estava reunida naquele lugar.
Esse é um dos grandes problemas da igreja institucionalizada moderna, os seus apóstolos, pastores e líderes têm aquela síndrome do leão da montanha, pois sobem para seus montes, escritórios ou o que seja e resolvem sozinhos, ou com um grupo reservado, qual vai ser a próxima campanha, qual a estratégia para o ano, o lema da igreja para aquela temporada, quais dias da semana teremos culto ou reuniões, dentre muitas outras coisas.
Enquanto isso, os irmãos do andar de baixo ficam felizes se os cultos estiverem animados, se a banda de louvor estiver completa, se não está faltando água mineral no galão, se os banheiros não estão entupidos nem fedendo, ou seja, se tudo estiver superficialmente bem, não importa o que esteja acontecendo nos lugares mais recônditos e altos da organização, pois eles estão só esperando acabar o espetáculo, quer dizer, o culto, para irem para a casa com a impressão de dever cumprido. Poucos parecem entender aquele texto que diz: “Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros. De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele. Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular.” (1 Co 12:25-27).
Infelizmente o que acontece hoje é seguinte: se a sujeira da cúpula da igreja estiver escondida debaixo do tapete da mentira, da hipocrisia e do engano, a denominação estiver crescendo ou pelo menos mantendo certo nível de atividades, todo mundo fica ali pulando, feliz e continuam chamando mais gente para participar de sua visão. Ao contrário, quando a sujeira aparece e tudo fica muito evidente e vergonhoso, o pessoal do andar de baixo começa a debandar para outras denominações e os que ficam apenas retrucam: "é, todo lugar tem problema, mas eles que são grandes que resolvam, eu não tenho nada a ver com isso."
Apenas um exemplo do que estou falando. Quando alguém levanta a possibilidade de que os dízimos e ofertas estejam sendo desviados ou mal utilizados pelos pastores e líderes, a maioria dos “cristãos” têm uma resposta padrão: “Bom, eu estou fazendo a minha parte e Deus vai me honrar por isso, o que eles fazem com o dinheiro não é problema meu, eles é quem vão ter de prestar contas a Deus por isso”. Pois essa é a visão mais tosca e sem revelação que uma pessoa pode ter da Igreja ou Corpo de Cristo. Precisamos entender que ao nos tornarmos cristãos, deixamos de fazer parte do sistema do mundo e passamos a fazer parte de um só Corpo. Jesus não vem para buscar essa ou aquela pessoa, Ele vem buscar uma noiva. Pense nisso antes de dar estas respostas padronizadas que aprendemos para nos furtarmos da responsabilidade. Se você não entende o que estou falando, busque revelação no seu espírito.
Ora, esta é uma situação de apostasia e opróbrio e se não abrirmos nossos olhos a tempo, o anjo vai bradar à meia-noite dizendo: Eis o Noivo!!! e, como está escrito na Bíblia, as dez virgens estarão dormindo tranqüilas e desatentas, lembrando que o texto fala de cinco virgens que pelo menos tinham provisão de azeite.
Assim, parem de convidar as pessoas para visitar a sua “igreja” sem antes verificar se está tudo em ordem. Antes de convidar alguém para ir na sua casa, você não arruma tudo e se certifica de que as coisas estejam no lugar certo e se vai ter o que servir? Porque será que não paramos de convidar as pessoas para participarem de uma instituição religiosa onde está tudo bagunçado lá dentro? Me desculpe, mas se você não se sente responsável pela sujeira dentro das igrejas é porque você nunca foi Igreja de Cristo. Se você acha que só os líderes é que vão responder pela sujeira na casa está muito enganado.
No meu caso, depois de fazer parte dessa bagunça por anos, de tentar esbravejar com os Incríveis Cavaleiros Templários sem ser ouvido, resolvi sair desses Templos e parar de viver naquilo que a Bíblia diz que é apenas “sombra” do que haveria de vir. Parei de ir para a “igreja” e decidi apenas ser Igreja de Cristo. Fui chamado para fora e saí. E você? Vai continuar aí dentro? Saia dessas moradas terrenas e venha ser morada Eterna de Cristo. Se quiser ficar, tudo bem, mas pelo menos arrume a sua casa antes de querer que alguém venha visitá-lo. Depois faz igual a maioria das mulheres que eu conheço, diz para os convidados: Não repara na bagunça viu?
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