Diogo
Henrique de Sá
Leitura:
1 João 1.1-4
“O que era desde o
princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos
contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida. (Porque a vida foi
manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida
eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada); O que vimos e ouvimos,
isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa
comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo. Estas coisas vos
escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra.”
Quando
o Apóstolo João escreveu essas palavras (entre os anos 85-100 d.C.), ele se
dirigia há uma comunidade de cristãos que, como nós, não conheceram Cristo
pessoalmente.
Naquela
época um grupo filósofo-religioso chamado Gnósticos, havia se aproximado da
Igreja e espalhado heresias a respeito de Jesus, confundindo os irmãos. Eles
ensinavam, dentre outras coisas, que Jesus não é Deus mas sim um Aeon (um ser
espiritual que servia de intermediário entre Deus e os homens), os gnósticos
também ensinavam que o mal estava na carne, ou seja, no corpo físico. Assim
sendo, Jesus, enquanto esteve na terra, não poderia ter um corpo físico, pois
uma vez que ele era um intermediário entre Deus e os homens, não poderia ter um
corpo, pois isso significaria que ele seria um pecador.
As
implicações dos ensinos gnósticos eram muito sérias. Pois veja: Se Cristo não
teve um corpo humano, se ele não se fez homem, ele não ressuscitou, alias ele
sequer morreu. Mas se ele não ressuscitou não há esperança de ressurreição para
nós. Afinal de contas Paulo nos assegura que o fato de Jesus ter ressurgir dos
mortos é que garante a nossa ressurreição futura. Veja o que ele diz:
“Ora, se se prega que Cristo ressuscitou
dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de
mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E,
se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa
fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois
testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não
ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos
não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é
vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram
em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais
miseráveis de todos os homens. Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos,
e foi feito as primícias dos que dormem. Porque assim como a morte veio por um
homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como
todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.
Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias,
depois os que são de Cristo, na sua vinda.” (1ª Cor. 15.12-23)
Na
verdade, se Jesus Cristo não morreu, sequer estamos salvos.
João
então escreve esta epístola para que, como ele mesmo diz, possamos ter
“comunhão com ele” (v.3), e a nossa “alegria seja completa” (v.4). Ele responde
dizendo: Eu estava lá. Vocês dizem saber das coisas (de fato a palavra Gnóstico
deriva da palavra grega “gnosis” que significa conhecimento,
assim os gnósticos afirmavam que seu grupo detinha o conhecimento), mas não
sabem , vocês não estavam lá como eu. João ouviu os muitos ensinos, ele ouviu a
Palavra da Vida. Jesus possuia um corpo físico, João tocou na Palavra da Vida,
suas mãos apalparam o Verbo da Vida, João reclinou em seu “colo”. Seus olhos o
viram. João viu os milagres, viu a agua se transformar em vinho, viu os mortos
ressuscitar, viu o pão se multiplicar, viu pessoas serem libertas de seus
pecados, ele próprio foi transformado por Cristo, o antigo “filho do trovão”
foi moldado à Apóstolo do Amor. João viu Jesus ser preso, viu Ele ser crucificado, viu a tumba vazia, e depois O viu
ressuscitado. Inclusive tocou nele depois da ressurreição. João sabe do que
está falando, ele estava lá. E para ele Cristo é tudo aquilo que sempre ouvimos
falar dele, Jesus era a Dádiva que estava escondida com o Pai, mas foi nos
dada, Jesus era realmente tudo aquilo que Ele próprio dizia de Si (conf.
V 2).
Hoje
em dia, da mesma forma, pessoas aparecem dizendo boçalidades a respeito de
Jesus. Em épocas de festa cristã a mídia sempre veicula diversos artigos
tentando dar uma palavra positivista a respeito de Cristo. Dizem que Ele foi um bom homem, ou um bom
mestre. Outros afirmam que ele foi um “guru”, um “iluminado”. Alguns
kardecistas afirmam que ele foi um “espírito puro”. Uma corrente dentro do
budismo afirma que ele foi um buda menor. Os Islâmicos afirmam que ele foi um
profeta menor se comparado a Maomé. A falsa ciência (porque os verdadeiros cientistas reconhecem
suas limitações, e não se aventuram no campo da Fé), afirma diversas coisas
sobre Nosso Senhor. Dizem que Ele não existiu, ou que houve um fenômeno chamado
Jesus e não uma pessoa específica, outros afirmam que ele foi só mais um fundador
de uma religião, mas não passou de uma pessoa comum.
A
respeito disso, gostaria de aproveitar uma resposta preparada por C.S.Lewis.
Lewis. Lewis afirma que só podemos ter duas concepções sobre Jesus, não existe
meio termo. Afinal Jesus fez afirmações extremamente sérias a respeito de sí
mesmo. E assim sendo, ou ele é quem diz ser, ou seja, Deus. Ou então ele é um
tipo abominável de pessoa1. Lewis acreditava que ele era Deus. João
concorda, afinal ele estava lá.
Mas
talvez você esteja pensando: mas eu não estava lá. Eu não vi a cruz, nem o
túmulo vazio. Isso me lembra uma história que lí a alguns anos atrás:
“Na Universidade de Chicago, Divinity School, em cada ano
eles têm o que chamam de “Dia Batista”, quando cada aluno deve trazer um prato
de comida e ocorre um piquenique no gramado. Nesse dia, a escola sempre convida
uma das grandes mentes da literatura no meio educacional teológico para
palestrar sobre algum assunto relacionado ao ambiente acadêmico.
Certo ano, o convidado foi Paul Tillich, que discursou,
durante duas horas e meia, no intuito de provar que a ressurreição de Jesus era
falsa. Questionou estudiosos e livros e concluiu que, a partir do momento que
não existiam provas históricas da ressurreição, a tradição religiosa da igreja
caía por terra, porque estava baseada num relacionamento com um Jesus que, de
fato, segundo ele, nunca havia ressurgido literalmente dos mortos.
Ao concluir sua teoria, Tillich perguntou à platéia se
havia alguma pergunta, algum questionamento. Depois de uns trinta segundos, um
senhor negro, de cabelos brancos, se levantou no fundo do auditório: “Dr
Tillich, eu tenho uma pergunta, ele disse, enquanto todos os olhos se voltavam
para ele. Colocou a mão na sua sacola, pegou uma maçã e começou a comer... Dr Tillich...
crunch, munch... minha pergunta é muito simples... crunch, munch... Eu nunca li
tantos livros como o senhor leu... crunch, munch... e também não posso recitar
as Escrituras no original grego... crunch, munch... Não sei nada sobre Niebuhr
e Heidegger... crunch, munch... [e ele acabou de comer a maçã] Mas tudo o que
eu gostaria de saber é: Essa maçã que eu acabei de comer... estava doce ou
azeda?
“Tillich parou por um momento e respondeu com todo o
estilo de um estudioso: ‘Eu não tenho possibilidades de responder essa questão,
pois não provei a sua maçã’.
“O senhor de cabelos brancos jogou o que restou da maçã
dentro do saco de papel, olhou para o Dr. Tillich e disse calmamente: ‘O senhor
também nunca provou do meu Jesus, e como ousa afirmar o que está dizendo?”.
Nesse momento, mais de mil estudantes que estavam participando do evento não
puderam se conter. O auditório se ergueu em aplausos. Dr. Tillich agradeceu a
platéia e, rapidamente, deixou o palco””2.
Realmente você não estava lá, como João esteve, mas você já provou de Jesus. Já provou da Paz que só Ele nos dá em meio as adversidades, já provou da alegria da salvação, da felicidade de tê-Lo em sua vida. Você percebe a mão Dele quando contempla o firmamento. O Espírito Dele testifica no seu intelecto que você pertence a Ele.
As pessoas por aí falam do que não sabem, mas
você já conheceu Jesus e Ele é tudo o aquilo que a Bíblia fala sobre Ele. O que
João diz a respeito de Jesus esta de acordo com aquilo que o restante da Bíblia
afirma sobre Cristo, e isso para nós já basta.
Se você ainda não tem a convicção dessas
verdades em sua vida. Eu lhe apresento o relato de João para que você não fique
confuso e possa ter comunhão com tantos cristãos no mundo todo. Experimente
Jesus, ele vai encher sua vida de sabor!
Referências Bibliográficas.
1- LEWIS,
C.S. O Problema do Sofrimento. Tradução Alípio de Franca Neto. São Paulo:
Editora Vida, 2006. p.29
2- .
Acesso em 05 de set. 2011.
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