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terça-feira, 2 de novembro de 2010

CARTA AO SENHOR JOSÉ WELLINGTON BEZERRA DA COSTA


Ao senhor José Wellington Bezerra da Costa – Presidente da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil (CGADB) e pastor presidente da Igreja Evangélica Pentecostal Assembléia de Deus. Min. do Belém.

                   Já faz algum tempo que venho analisando o movimento pentecostal, mais precisamente a Assembléia de Deus, denominação da qual faço parte e amo (se bem que ando desgostoso com o andar da carruagem “assembleiana”), por esse motivo venho até o senhor, pastor José Wellington, para juntos, considerarmos alguns desvios doutrinários que vem levedando a massa em nossa denominação, desvios estes, que em ultima instância, são de sua responsabilidade, já que o senhor pouco ou nada tem feito para minorizar os problemas e digo mais: o senhor tem causado alguns destes desvios.
                   Tentarei manter o tom Cortês, se bem que não costumo respeitar quem zomba do bom nome do meu Senhor Jesus Cristo, também não respeito quem se beneficia do Evangelho Santo para lucrar e tampouco daqueles que brincam com a Palavra de Deus ao ponto de adulterá-la, colocando assim as almas dos homens em situação de grande risco.
                    Vamos aos fatos:
                    Tomei conhecimento, pela leitura do “Mensageiro da Paz” (que conforme vocês mesmos dizem é o órgão informativo oficial da denominação) nº 1.505, sobre o “Manifesto em defesa do Pentecostalismo Clássico”, que recebeu o nome de “Carta de Campinas”. A referida “Carta” é na verdade o resumo dos debates e exposições dos temas abordados na 1ª Conferencia de Reflexão Teológica do Movimento Pentecostal, ocorrido no Templo central da Igreja Assembléia de Deus em Campinas-SP, e que contou com a participação de 838 pessoas entre pastores, teólogos, seminaristas etc, este evento, conforme o referido “Mensageiro da Paz” (MP daqui por diante), ocorreu entre os dias 26 e 28 de Agosto de 2010.
                  É evidente que gastar três dias em uma bateria de palestras (estudos Bíblicos) para tratar de um assunto periférico foi uma tremenda perda de tempo, disso não tenho dúvidas. O cristão não precisa aprender sobre a denominação Assembléia de Deus, mas sim sobre o Deus da assembléia. Eu ainda gostaria de fazer algumas considerações sobre este evento:
                 1ª) Consideração - Por que dar nomes pomposos a manifestos? Por que chamar o manifesto de “Carta de Campinas”? Será que seria demais eu imaginar que o senhor, pastor José Wellington e seu filho, pastor Paulo Freire, adquiriram a síndrome que acometeu os construtores da Torre, que queriam fazer para si um nome (Conf. Gen. 11:4)? Será que vocês querem ser lembrados por terem redigido a tal “Carta”? O que vocês querem? Um pouquinho da Glória e da Honra a Deus devidos? Será que é isso? Será que não seria mais digno, deixar Jesus brilhar sozinho e vocês serem esquecidos? Seu filho ao final da “Carta” ainda colocou o nome dele e dos Palestrantes para frisar bem quem são os responsáveis pela “Carta”, que coisa mais interessante... (MP. 1505, p.16).
                 2ª) Consideração – Por que um
evento desse porte não ocorreu em São Paulo, no Belenzinho? Local bem mais acessível do que Campinas? No referido MP vocês reconheceram que por vários motivos mais líderes não puderam comparecer ao evento, alguns desses motivos poderiam ter sido eliminados se o evento ocorresse em São Paulo (casa maior, local mais acessível). Seria demais eu presumir que o fato da Conferencia ter ocorrido em Campinas se deve ao Fato de seu Filho e anfitrião do evento, ter pleiteado o cargo de deputado federal? Certamente não seria demais eu presumir isso, já que o evento era propício: Muitos líderes estrategicamente reunidos, usufruindo da “generosidade” do anfitrião. Além disso todas as minhas suspeitas se confirmam quando, na página 6 do periódico, vejo as fotos que mostram seu filho, Paulo Freire, sendo bastante bajulado durante evento.
                  3ª Consideração – Os líderes “assembleianos” precisam conhecer as doutrinas basilares do cristianismo tais como: Salvação, Justificação pela Fé somente, Graça (para que seus líderes não ensinem o pelagianismo para a Igreja); Pecado (o que é e o que não é pecado?); trindade; etc.. Os pastores e lideres da nossa denominação precisam conhecer Deus, estou muito convencido que nossos teólogos não conhecem a Bíblia e a Jesus satisfatoriamente (ainda mais depois de ler o que você vem produzindo), não seria mais sensato tratar do problema central (Falta de hermenêutica e exegese – como resultado do desconhecimento da Palavra de Deus) do que perder tempo tratando de um tema secundário? O senhor há de concordar comigo que se o cristão vive a Palavra de Deus em seu dia-a-dia, ele não se deixará levar pelos excessos, não é mesmo?

              Com relação ao conteúdo temático debatido no seminário, a “Carta de Campinas” apresenta algumas constatações, quero comentar algumas destas também:

Constatações levantadas a partir da exposição e discussão dos temas – Vamos refletir um pouco sobre as constatações aqui feitas pelos palestrantes e apresentadas na “Carta de Campinas”:

         - Vocês acertadamente perceberam que perdemos bandeiras históricas, como, por exemplo, o anúncio do evangelho integral. Será que esse abandono não está ligada a perda de tempo com coisas triviais? Quantos seminários de Batalha Espiritual nós temos em nossas igrejas? Quantos seminários de “como vencer a crise financeira” nós ministramos aos nossos irmãos? Quantos congressos de “Fogo Puro”? Quanta perda de tempo, inclusive com esse seminário do qual estamos tratando. Por que não gastar forças e recursos em ensinar somente todo o conselho de Deus declarados em sua Palavra.

          - Acertadamente vocês perceberam que nós não conseguimos exercer influencia no aspecto social do país. Isso se deve ao fato de estamos mais preocupados em lucrar com o Reino do que viver para o Reino. Vocês se dizem avivados, mas todos os avivamentos foram seguidos de mudanças sociais, estamos a cem anos no Brasil, e não conseguimos com nossa influencia diminuir a corrupção e melhorar a sociedade em geral, isso se deve a nossa busca pelos nossos próprios interesses, e a busca exacerbada pelas experiências espiritualisticas, do que a Palavra de Deus. Voltemos a Palavra, encorajemos essa atitude e preguemos somente as Boas notícias de Salvação evidenciando a total corrupção humana, a Mensagem Bíblica por si só, fará a diferença.

            - “Corremos o risco de nos tornarmos orgulhosos”, vocês dizem. Eu tenho certeza de que já somos orgulhosos, nos achamos o supra-sumo dos céus. Quantas frases preconceituosas falamos contra as confissões mais tradicionais, tais como: “Sou Pentecostal até o tutano”, “Pertenço a Gloriosa Assembléia de Deus” (aí cabe uma pergunta, Quem é glorioso? A Assembléia? Ou o Deus da assembléia?); “Aqueles batistas geladões”; “Sorveterianos”. Muitos dos nossos pastores chegam a declarar sem reservas, que nós somos a genuína igreja. Percebo muito orgulho. Porém não temos do que nos gloriar, estamos muito aquém de algumas confissões tradicionais, e além disso, qual é a nossa trajetória histórica? Não é tudo pela Graça infinita de Deus? Além do mais nós nos tornamos deveras inconvenientes ao Deus Santo, contamos com quase 20 milhões de membros (conforme a página 16 do periódico) mas esses membros realmente são salvos? Pelo que percebo em nossos locais de reunião, não sabemos nada sobre Jesus, só queremos o “fogo”.

             - Foi percebido também a inconsistência bíblica de nossa vivencia e ensinos diários, o que tem gerado vários problemas para nossa denominação, levando o cristão “assembleiano” a se enveredarem para as heresias neo-pentecostais - Concordo veementemente com isso. Porém o que de concreto vem sendo feito para minimizar essas anomalias teológicas? Eu sei que nada tem sido feito. Portanto aí vai a minha sugestão: Convide o melhor do seus teólogos, crie um questionário de avaliação dissertativa, sobre as questões básicas do Cristianismo, vá em todas as igrejas com uma comissão de homens responsáveis e tementes à Deus, que de preferência seja de longe do local avaliado. Faça todos os seus diáconos, presbíteros, evangelistas e pastores serem avaliados, os que forem achados em falta, exonerem do cargo. Tome uma atitude agora, não seja covarde. Prepare seus obreiros, invista dinheiro da denominação nisso, não onere mais os Irmãos, gaste os recursos da noiva. A atitude parece radical? Transtornar a mensagem bíblica exige uma resposta radical. Gaste recursos da denominação, não aperte congregações pequenas, invista dinheiro seu se for preciso, mas leve seminários realmente relevantes em locais de maior carência.

Proposições resultantes dos debates dos temas abordados no Seminário - Foram feitas algumas propostas (no próprio seminário) para solucionar problemas com o “pentecostalismo clássico”. Quero comentar algumas dessas propostas:

             - Vocês perceberam que o pastor não tem afinidade com a Bíblia. Então como eles podem continuar pastoreando o rebanho? Esses problemas ocorrem em nossa denominação (Ministério do Belém), inclusive devo dizer, com todo o respeito, que eu desconfio que o senhor não seja um teólogo. Com relação ao que foi dito a respeito do pastor ser um evangelista antes de ser teólogo, é incoerente, uma vez que não adianta o pregador tentar pregar o evangelho, se ele não o conhece. E não estou falando do nível de estudo teológico, o Pastor precisa conhecer as doutrinas bíblicas e interpretar o texto como ele é, isso porque , por mais eloqüente o pregador ou pastor seja, se ele explanar a texto de maneira incorreta, estará adulterando a mensagem, e colocando em risco a alma dos seus ouvintes.

               - Realmente temos problemas com a teologia liberal, ensinada, inclusive, por alguns de nossos teólogos. Precisamos ter a Bíblia como aferidor de medidas, não permitindo sua adulteração, dessa forma teremos uma teologia arraigada na Verdade. Neste caso precisamos ser humildes ao ponto de perceber nossas limitações e procurar a ajuda de teólogos reformados, mesmo que eles não tenham a mesma opinião que nós temos sobre os dons.

             - Foi constatado que pastores fazem associações ilícitas, com homens descompromissados com Deus, a Bíblia e a Igreja. Ora, ora que coisa interessante. Quem que está se associando com pessoas descompromissadas? Eu ou o senhor, pastor José Wellington? Como pôde se associar a políticos corruptos, que não querem nada com Deus? O senhor permitiu que Silas Câmara chegasse ao cargo de Pastor (o senhor é o presidente da CGADB, a culpa é sua) e ainda fez propaganda para ele nesta mesma edição do MP (pg. 15), o senhor desconhece o fato que este homem responde inquéritos no Superior Tribunal de Justiça, por improbidade administrativa? O Seu filho Paulo Freire é candidato a deputado federal, como ele irá conciliar as duas coisas? É lícito abandonar o cajado (a mais sublime das tarefas) para se aventurar como deputado? O senhor e sua filha se associaram com o candidato Aloysio Nunes, que é acusado de esquemas fraudulentos (conforme a revista Istoé nº 2127 de 18/08/2010. – Pgs. 40-45) não seria prudente esperar até que tudo fosse esclarecido, antes de se aliar com ele? Agora seguindo o conselho que recebo desta “Carta” eu devo ter maturidade para reconhecer os falsos líderes, diante disso só posso concluir que o senhor, pastor José Wellington, e seu filho, pastor Paulo Freire são falsos líderes. Afinal são vocês que estão aliados a iníquos. Seria maldade da minha parte presumir que o pastor estaria fazendo isso em troca de possíveis vantagens (muitas vezes financeiras) no caso do candidato apoiado ser eleito? E é exatamente isso que os seus subordinados também pastores reproduzem em suas cidades. Conheço um pastor do nosso ministério que recebia gasolina de graça do prefeito, lógico que a gasolina era paga pelos cofres públicos, isso é corrupção e peculato, se o senhor não sabe.

                  - Avivamento não é barulho, avivamento resulta em mudança de atitude, mas o que de prático vem sendo feito para conscientizar os líderes que estão debaixo de sua tutela, que pular “dentro da igreja” não passa de modismo herético? Nada Né?

                 - Na “Carta” é ressaltada uma heresia pregada a longo tempo pelos pentecostais. Me refiro ao Batismo no Espírito Santo com evidência em falar em línguas. Se o senhor não sabe a palavra batismo significa imerso, na verdade o grego é mais sugestivo, ele dá idéia de ser imerso de tal forma que o indivíduo seja sepultado. Paulo diz que o Espírito Santo é o Selo da nossa salvação (Ef. 1:13). Deixa eu explicar as implicações dessa afirmação. Todos os Salvos são batizados (imersos) no Espírito Santo. Ter o Espírito Santo é o que nos dá a certeza de que somos salvos. Mas concordamos em dizer que nem todos os salvos manifestam o fenômeno da Glossalia (Falar em outras línguas), mas se o Batismo no Espírito Santo tem por evidência falar em outras línguas, logo quem não recebeu o dom de variedades de língua não é salvo. Será que não tem teólogo em nossa denominação, será que não existem exegetas que possam corrigir nossos erros de interpretação bíblica. Não sou cessacionista, na verdade, o Espírito Santo através da graça, me concede que eu fale em outros idiomas, mas não podemos cometer o equívoco de dizer que ser batizado no Espírito Santo significa falar em outras línguas, isso é heresia, não existe respaldo bíblico para isso. O falar em línguas é um dom tanto quanto o profetizar, o amar, o operar maravilhas, etc. Se formos considerar o Atos 18:24-28, vemos uma passagem clássica de uma pessoa (Apolo) que ainda não era batizada no Espírito Santo, e quando foi selada não manifestou a glossalia. Se andarmos para o próximo capítulo veremos os efésios falando em outras línguas assim que receberam o Espírito Santo, mas eles também profetizaram, e aí? Se ser batizado no Espírito significa biblicamente falar em línguas, também deve significar profetizar, pelo texto de Atos 19:6. Mas com certeza o senhor não defende que ser batizado no Espírito tem como evidencia o profetizar, até porque o dom de profetizar é bem menos comum do que o falar em outras línguas (Ah ser batizado com e ser batizado no significa a mesma coisa ta!). Os dons nós podemos buscar através da oração (Conf. 1ª Coríntios 12:31), mas o batismo recebemos ao Crer, a salvação é pela Fé, através da Graça. Se falar em línguas é evidencia do Batismo, logo poderíamos buscar o Batismo, por conseqüência a salvação, então a salvação depende de mim e não de Jesus, mas a Bíblia nos ensina que tanto o Batismo, como a Salvação nos são dados por Deus, e não depende quem quer ou de quem corre, mas de Deus que se compadece (Rom 9:16).

                - O que tem sido feito de prático (além do Blá-Blá-Blá) para resolver a questão do obscurantismo? Nem vocês que estão propondo mudanças conhecem a Bíblia? Eu já sugeri algumas atitudes vejamos se vocês colocarão em prática. Falar não faz nada. Invista dinheiro nisso. Não aumente a contribuição, dê de graça, é pra isso que serve o dinheiro da “Noiva”

              Quero fazer outras observações, que não se referem mais a dita “Carta de Campinas”. O senhor, pastor José Wellington, está construindo um mega prédio, com heliporto inclusive, será que Deus realmente está interessado em construção de prédios? Não existe sequer uma única passagem neo-testamentária onde Deus demonstra o desejo de construirmos templos. Vocês vão investir dinheiro em coisa que não é eterna, como ousam gastar os recursos da Noiva para saciar sua própria vaidade. Enquanto pessoas estão morrendo sem salvação. E Ainda chegam ao cúmulo de mentir para as pessoas com respeito ao Dízimo e oferta, fazendo sua membresia barganhar com Deus, seu dinheiro pelas bênçãos. E ainda criam um monte de carnês, e ofertas para extorquir as pessoas, pois não existe limite para suas imaginações. Quanto vocês investiram na reconstrução Haiti? É preferível retornar a cultuar a Cristo em casa, do que ficar gastando dinheiro inútil em coisas que não podem agradar a Cristo. Por acaso vocês são importantes demais para andar de carro ou metrô? Seria demasiadamente incoerente eu pensar que vocês vão gastar dinheiro em táxi aéreo, para que vocês não enfrentem o tráfego das ruas como nós meros mortais? Será?

                Ainda pairam sobre o senhor algumas acusações que são difíceis de se ignorar. O senhor é acusado de ser Maçom, acredito que o senhor não é obrigado a responder a essas acusações, mas se for verdade porque não assume de vez? Se não tem vergonha de ser, por que tem vergonha de reconhecer? O senhor é acusado de evadir recursos de nossa denominação. Por que o senhor não mostra de uma vez porque a CGADB está com o nome sujo na praça? Será que o senhor vai escapar dos olhos Daquele que tudo vê?

                Desculpe minha franqueza pastor, mas o senhor está fazendo um porcaria de um trabalho. Mude irmão. Pare com isso. Volte-se para Cristo o quanto Antes. Jesus te ama! Eu não te odeio, eu te amo! Por isso gastei meu tempo para escrever isso.

               Diante do exposto o senhor só tem 3 alternativas: 1ª) Me ignore (isso não é muito recomendável, pois vou continuar, não vou parar); 2º) Tente me Calar (também não recomendo isso); 3º) Dê ouvidos a Voz da Razão, estou disposto a ajudar, tudo de graça, não cobrarei nada por isso.





Diogo Henrique de Sá

Escravo de Cristo

Presbítero da Assembléia de Deus Min. Do Belém em Bertioga/SP

Para ler o manifesto: "Carta de Campinas" clique no link abaixo



Manifesto da reflexão Teológica Pentecostal das Assembleias de Deus no Brasil

                     A história da Igreja Cristã é marcada por grandes reuniões de debates teológicos e doutrinários. Foi assim desde Atos 15 até os Concílios históricos de Nicéia, Constantinopla, Éfeso, Calcedônia e Trento, só para citar alguns, passando pelos princípios que ensejaram a Reforma Protestante e chegando às modernas expressões do protestantismo e do movimento evangélico. Esse último, particularmente, tomou feições diversas, sendo o pentecostalismo a mais marcante de todas elas. Como pioneira do pentecostalismo clássico em terras brasileiras, as Assembleias de Deus, através da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), presidida pelo pastor José Wellington Bezerra da Costa, no ensejo das celebrações do seu primeiro centenário, promoveu o seu primeiro Seminário de Reflexão Teológica do Movimento Pentecostal. Foi sob a égide desse pensamento pioneiro que 838 inscritos, entre eles pastores, líderes, membros, professores e seminaristas, reuniram-se entre os dias 26 a 28 de agosto do ano de 2010, na Assembleia de Deus em Campinas, Estado de São Paulo, para refletir sobre a teologia, a prática e o desenvolvimento do pentecostalismo vivenciado ao longo dos cem anos de existência de nossa igreja, com vistas a vislumbrar os possíveis caminhos — com seus contornos e desafios — nos anos vindouros de nossa querida igreja, enquanto aguardamos o faustoso e mais esperado momento da Noiva de Cristo: o Arrebatamento.
                     Dado o ineditismo do evento, muitas constatações e pressupostos — alguns recorrentes e outros desconhecidos — foram trazidos pelos oradores que, após cada uma de suas exposições, eram inquiridos pelo auditório que participou ativamente dos trabalhos. A cada nova questão, dimensões inexploradas de doutrinas basilares do pentecostalismo — como o batismo com o Espírito Santo, por exemplo —, vieram à tona demonstrando a urgência e a oportuníssima hora em que o Seminário veio a ser realizado.
                   Considerando a importância da realização e a óbvia impossibilidade de uma participação mais numérica de nossa membresia nacional (que, atualmente, gira em torno de 20 milhões), é que esse manifesto veio a público, para fazer cientes os nossos irmãos de todas as partes do país.
                    Considerando a natureza do Seminário — doutrinário, teológico, histórico e de prescrição para a vivência pentecostal das Assembleias de Deus — é que a amostragem denominacional que ali foi reunida resolveu, por comum acordo e de bom grado, tornar público esse Manifesto de Reflexão Teológica Pentecostal do Movimento Pentecostal, denominado “Carta de Campinas”.
                    Considerando a banalização do sagrado que vem ocorrendo em nosso país, através do aumento indiscriminado de diversas formas de manifestação que pretendem se acomodar — ou que são sociologicamente classificadas — ao pentecostalismo, é que resolvemos realizar esse Seminário para reafirmar a obrigatória e devida distinção que precisa marcar o nosso movimento de pentescotalidade clássica.
                   Isto posto, o referido evento pôs em discussão os seguintes temas: Fundamentos Bíblicos da Teologia Pentecostal, pelo pastor Claudionor de Andrade; As Manifestações do Espírito Santo na História, pelo pastor Isael de Araujo; História e Sociologia do Movimento Pentecostal no Brasil, pelo pastor Eliezer Morais; As Assembleias de Deus — Teologia e Prática, pelo pastor Elienai Cabral; As Assembleias de Deus no Brasil — Como Conciliar o Aprofundamento na Palavra sem Extinguir o Poder do Espírito Santo, pelo pastor César Moisés; e A Influência das Igrejas Neopentecostais no Movimento Pentecostal no Brasil, pelo pastor Esequias Soares.
                    Da exposição e discussão dos mencionados temas, foram levantadas constatações, seguidas das respectivas proposições, as quais abordamos a seguir:
                   Temos em nossa denominação três níveis teológicos: 1) as reflexões produzidas através do Currículo de Escola Dominical e o nosso Credo (oficial e aceito pelos órgãos convencionais); 2) seminário (acadêmico); e 3) produzida pelas experiências extáticas que ocorrem à parte da orientação da igreja (algo “não-oficial”).
                    Perdemos “bandeiras históricas”, como, por exemplo, o anúncio do Evangelho Integral: Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e em breve voltará.
                   As Assembleias de Deus, ao longo de sua existência, tem esposado uma confissão teológica das mais perfeitas e ortodoxas que existem. O nosso pentecostalismo é fruto das manifestações do Espírito Santo ocorridas ao longo dos séculos, mormente, o movimento pentecostal moderno do início século 20. Por sua vez, encontrou ambiente propício em nossa pátria para instalar-se e desenvolver-se, como em nenhuma outra parte da terra.
                    Somos cristãos (religiosamente falando), herdeiros da teologia reivindicada pelos reformadores, mas ainda não conseguimos exercer influência no aspecto social do país. Corremos o perigo de tornarmo-nos orgulhosos e arrogantes por causa de nossa trajetória histórica. Temos uma estrutura lógica e bíblica, considerada pentecostalismo clássico, que, todavia, não é impedimento ao mover do Espírito Santo.
                  O fato mais lamentável é que as verdades espirituais do movimento pentecostal têm sido substituídas por artifícios baratos e ensinamentos de modismos e inovações. Tais perigos ameaçam nossa práxis teológica.
                 Temos uma identificação teológica de confissão de fé declarada e uma espiritualidade cristã constituídas de três elementos principais do cristianismo: 1) crenças e doutrinas; 2) valores; e 3) modo de vida.
                  Nossa eclesiologia é praticada por meio de uma tríplice relação da teologia, doutrina e tradição.
                 Constatamos uma inconciliação entre aprofundamento da Palavra e poder do Espírito. Por consequência, elegemos a experiência como elemento fundante de nossa teologia. Tem havido ênfase no emocional em detrimento do racional, confundindo emocionalismo com a “vontade do Espírito” e uma forte tradição à cultura do não pensar. Isso tornou-nos vulneráveis às influências estranhas, por causa de interpretações bíblicas sem fundamento hermenêutico.
                  Mesmo absolvendo os pioneiros acerca de sua interpretação literalista e espiritualizada da Bíblia, não podemos deixar de constatar que, em decorrência, isso os levou a promover, inconscientemente, uma aversão ao estudo. Tal fato, por sua vez, ensejou várias polarizações, que foram ainda mais exacerbadas com o dualismo platônico e a dicotomia da realidade que já existiam na tradição teológica cristã.
                   Igrejas pentecostais estão se “neopentecostalizando”. Tal fato se dá por falta de sólida formação bíblico-teológica. Assim, algumas igrejas estão reproduzindo as práticas estranhas à Bíblia e à tradição do pentecostalismo histórico.
                  Como resultado da reflexão bíblico-teológica das questões acima elencadas, o evento produziu as proposições que seguem abaixo:
                 Uma vez que temos pontos positivos e negativos, é preciso que vejamos a nossa igreja com objetividade, sem paixão, pois, às vezes, vivemos a “síndrome da simulação”, fingindo que não temos problemas e ambiguidades. Devemos ter apenas um nível teológico (unidade doutrinária, não canais produtores).
                 Devemos ensinar a Bíblia de maneira metódica. Os pastores devem ser doutores na Palavra, sábios e profundos. Contudo, muitos pastores, por não terem afinidade com a Palavra, acabam transferindo sua responsabilidade para pregadores “itinerantes”.
                 Precisamos encontrar e praticar um meio termo entre a academia e a prática eclesiástica. As verdades teológicas devem ser sistematizadas no âmbito da igreja e não nas academias. O academicismo não pode ser um fim em si mesmo, mas deve ser utilizado para benefício do Reino de Deus. Na Alemanha, a teologia começou a ser sistematizada no âmbito acadêmico e, infelizmente, acabou desenvolvendo a “teologia liberal”. Na Assembleia de Deus, o contrário ocorreu. Antigamente combatíamos — erradamente — os seminários teológicos. Entretanto, atualmente, estamos vivendo outra realidade, perigosamente próxima a da Alemanha. O principal teólogo é o pastor da igreja. No entanto, os pastores devem ser, antes de teólogos, evangelistas.
                  Os pastores não devem comungar ou fazer parcerias com homens descompromissados com Deus, a Bíblia e a Igreja. Precisamos ter maturidade teológica para saber distinguir entre os verdadeiros e os falsos líderes.
                  Reafirmamos que, diante do inegável fato de que o Espírito Santo sempre se manifestou na história, a prática desconstrói o argumento antíbíblico cessacionista.
                 A história demonstra que nossa trajetória acontece dentro de um contexto. Portanto, faz-se necessário conhecer a igreja em suas várias manifestações ou periodizações. Isso significa que se deve analisar o que a igreja produziu de acordo com sua relação com a Igreja Primitiva e quando essa igreja moderna afastou-se desse modelo.
                Cremos que o avivamento também é para produzir reforma social, transformação da realidade e crescimento do Reino de Deus. Não é apenas para que fiquemos nos regozijando ou até mesmo para que fiquemos pulando dentro da igreja.
               Rechaçamos toda e qualquer ideia à parte das Escrituras, que venha subtrair o pensamento bíblico, mesmo que isso seja feito em nome do Espírito de Deus.
               Precisamos resgatar nossos princípios pentecostais, conservando-se os bons costumes. Esses princípios constituem-se no ensino do batismo com o Espírito com a evidência física e inicial do falar em línguas, os dons espirituais, o compromisso com evangelização e missões, a fé, a esperança e a proclamação do Retorno de Jesus Cristo, a adoração espontânea (não mecânica) e verdadeiramente espiritual e a Bíblia como nossa regra de fé e prática.
               Precisamos romper com o dualismo na Teologia Cristã e com a dicotomia da realidade — o que significa mudar nossa concepção acerca do homem e do mundo. Precisamos constantemente reavaliar nossas ideias teológicas, à luz da Bíblia, confirmando e desenvolvendo nossas crenças e práticas pentecostais.
              Precisamos cultivar uma disciplina de leitura, principalmente a da Bíblia, para erradicar o obscurantismo.
             Não nos interessa reproduzir modelos que não coadunam com os fundamentos do pentecostalismo clássico, crendo que esses, por si só, são suficientes para manter a marcha do crescimento e da expansão do Evangelho em todo o território nacional, sob o poder do Espírito Santo.
            Devemos primar pelo equilíbrio tanto no ensino bíblico e teológico como na prática da vida cristã, considerando ambas necessárias para um pentecostalismo sadio, genuíno e que cumpra a missão de tornar conhecida a mensagem do Evangelho — propósito primário do batismo com o Espírito Santo.
           Concluímos que cem anos não é um fato para apenas comemorar e acomodar-se, mas para despertar-nos a continuar pregando a mensagem que deu início à nossa caminhada em território nacional: Jesus salva, cura, batiza no Espírito Santo e em breve voltará.






Campinas, 28 de agosto de 2010


Pr. Paulo Freire Roberto da Costa


(Pastor da igreja hospedeira e presidente do Conselho de Doutrina)


Dr. Ronaldo Rodrigues de Souza


(Diretor Executivo da CPAD)


Pr. Cyro Mello


(Secretário adjunto da CGADB)


Pr. Elienai Cabral


(Preletor)


Pr. Claudionor Corrêa de Andrade


(Preletor)


Pr. Esequias Soares


(Preletor e presidente da Comissão de Apologia)


Pr. Eliezer Morais


(Preletor)


Pr. Isael de Araujo


(Preletor)


Pr. César Moisés Carvalho


(Preletor)

3 comentários:

  1. A Paz do Senho Jesus
    meu querido irmão Diogo gostaria de saber se vc obteve resposta a sua carta.
    Se vc obteve poderia postar o conteúdo aqui.

    que Deus continue te abençoando.

    Raquel

    ResponderExcluir
  2. RAQUEL, QUE A GRAÇA E A PAZ DE CRISTO CONTINUE TRANSBORDANDO EM SUA VIDA!
    NA VERDADE, O SENHOR JOSÉ WELLINGTON ME IGNOROU COMPLETAMENTE. O QUE ME LEVA A DOIS QUESTIONAMENTOS:
    1- OU MINHAS CARTA O INCOMODOU, MAS COMO ELE NÃO QUER ABRIR MÃO DOS MUITOS PECADOS QUE ELE VEM COMENTENDO, E NÃO TENDO COMO ME REFUTAR FICOU EM SILENCIO.
    OU
    2- ELE SE CONSIDERA MESMO UMA PESSOA ACIMA DO BEM E DO MAL, ASSIM COMO EU SOU APENAS UM MÍSERO MORTAL, NÃO MEREÇO SE QUE UM MINUTO DO PRECIOSO TEMPO DELA, JÁ QUE, PARA ELE, OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS, OS PECADOS QUE ELE E A DENOMINAÇÃO COMETEM SÃO IRRELEVANTES. ENTÃO ELE NÃO DEVE EXPLICAÇÕES A NINGUÉM.

    RAQUEL SE VOCÊ ACHOU MINHA CARTA NO MÍNIMO RASOÁVEL, GOSTARIA QUE VC ME AJUDASSE A DIVULGÁ-LA. QUEM SABE ASSIM ELE SE PRESTA A RESPONDER-ME.
    OBRIGADO PELO ESTÍMULO. E QUE DEUS EM CRISTO CONTINUE LHE ABENÇOANDO.
    DIOGO

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  3. Faço minhas as suas palavras. Eu e minha família congregamos na denominação por 15anos ou mais.... a situação estava insustentável... mas hoje, a essa altura, quase todas as denominações estão na mesma situação.
    Abraço
    A paz do Sr. JESUS CRISTO

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FAÇA UM CRISTÃO FELIZ.
ACEITO CRITICAS. NO ENTANTO NÃO ACEITAMOS COMENTÁRIOS CONTENDO FRASES DE BAIXO CALÃO. ME RESERVO O DIREITO DE NÃO PUBLICAR CRITICAS DE ANONIMOS.
NO MAIS, FIQUE À VONTADE PARA SE EXPRESSAR.