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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A GLÓRIA DAS IGREJAS E A GLÓRIA DE DEUS

Diogo Henrique de Sá        “Por amor de mim, por amor de mim o farei, porque, como seria profanado o meu nome? E a minha glória não a darei a outrem.” (Isaías 48.11).

        Há alguns anos atrás, durante uma reunião de domingo, na igreja onde eu congregava, escutei de um Seminarista a seguinte frase: “Eu sou membro da gloriosa Assembléia de Deus!”, naquela época eu era muito jovem para pensar nas implicações desta frase. Alguns dias atrás, no entanto, ouvi de um amigo, bem mais velho e que também estava naquela reunião, a mesma frase.
        Estranhamente estes verdadeiros chavões, que visam supervalorizar algumas denominações e seus líderes, brotam dos lábios ingênuos da maioria dos cristãos sem o menor intendimento.
      Passei a refletir mais sobre essa e outras frases, deste tipo, que permeiam o “evangeliquês” (dialeto, quase incompreensivo, pronunciado por membros de denominações ditas evangélicas) Já ouvi de tudo*:
         - “Sou Pentecostal até o tutano!”
         - “Aqueles Batistas desviados!”
         - “Aqueles Tradicionais Geladões!”
         - “R.R. Soares, o Homem que abençoa o mundo!”
         - “Nossa Igreja é mais abençoada, pois temos um Apóstolo!”
         - “Eu sou a Voz profética de Deus no Brasil” (Silas Malafaia falando de si mesmo).

        Analisando essas frases podemos perceber que existe algo de muito errado acontecendo dentro das denominações (não estou usando o termo igreja propositalmente), ao que tudo indica a Igreja que saiu da Reforma perdeu, tanto quanto a sua antecessora (Igreja Católica Romana), o foco de quem é o Senhor. Isso é compreensível já que os “crentes” não se interessam muito pela Bíblia (Inclusive isto é constatado através de pesquisas). Na verdade só lemos pequenos trechos fora do contexto várias vezes, e normalmente quando faz parte da leitura oficial da “Campanha”, sei que esta é uma Verdade Inconveniente (uma vez disse a uma pessoa “evangélica” que ela deveria ler a Bíblia, meu Deus, foi pior que xingar a mãe vi a fisionomia da pessoa mudar de ódio), porém isso já foi percebido inclusive pelas seitas, os Testemunhas de Jeová falam sobre nossa inadequação com relação a Palavra de Deus.
         Mas voltando a falar sobre: Quem é o Senhor? Existe uma dupla consideração que precisamos fazer sobre esse tema:
          1ª) Nós não sabemos quase nada sobre Jesus – Fiquei chocado um dia quando, ensinando na Escola Bíblica, disse que Jesus existe antes mesmo da fundação do mundo e uma das irmãs, muito piedosa, me perguntou como isso era possível se Jesus nasceu da Maria? Eu expliquei sobre a Eternidade de Jesus e sobre a sua primeira vinda e a irmã ficou maravilhada, em vários anos de “convertida” nunca alguém havia ensinado isso a ela. Isso revela algo que talvez nunca tenha te ocorrido: não conhecemos Jesus de verdade.
         2ª) Apesar de dizermos que Jesus é o Senhor, nos comportamos como se nós fossemos o senhor de Jesus – Podemos perceber essa conduta nos templos, através dos mensageiros da prosperidade que nos encorajam a encurralar Jesus na parede e exigirmos a restituição de tudo aquilo que perdemos. Dentre outras coisas. Jesus virou uma espécie de Gênio da lâmpada que surge convenientemente quando chamamos por ele.
         Mas quero me concentrar em outro ponto: Nós cristãos temos tirado o foco de Jesus para focalizar em tudo o que é humano. Temos levantado a “bandeira” de nossa Denominação como se a Cruz fosse, já não podemos, como Moisés, dizer “Jeová Nissi” pois a nossa Bandeira tem sido a Placa de nossa denominação e o nome do nosso proeminente líder.
         Com relação a Frase que ouvi do seminarista veja o disparate e pense comigo: gloriosa é a Assembléia de Deus ou o Deus da assembléia?
        Se Deus, conforme o texto Bíblico, não divide sua glória com ninguém como podemos dar a glória dele a outra coisa. Como podemos dividir uma glória que nem nossa é? Como pudemos ser insensíveis ao ponto de não enxergarmos os limites entre o santo e o profano? Passamos a seguir a Placa da Denominação e nos esquecemos de quem realmente importa que é Deus. Engraçado que a pessoa que faz isso nunca irá admitir que esteja deixando Deus de lado, porém, embora não admita, termina por fazê-lo na prática e é a pratica que demonstra o que somos de verdade, Tiago já falava isso a 2 mil anos atrás. Isso fica muito evidente quando se presta atenção nas Placas das denominações, isso porque seu título vai em letras garrafais, e o nome de Jesus quando aparece está com letras menores (Salvo quando o nome de Jesus é usado no título da Denominação), veja está muito clara a ordem das coisas: 1ª A denominação, depois, se der, Jesus entra na parada (isso porque as vezes para economizar espaço na placa tiramos o Seu nome dela).
        Eu não sou adepto das idéias de Witness Lee, mas estou convencido que uma das piores invencionices dos Protestantes foi criar o denominacionalismo, sei que o nome facilita por questões de registro e também para demonstrar o tipo de confissão daquele grupo, porém resultou em um “nacionalismo da denominação” que chega as vezes ser parecido com o comportamento entre Judeus e Samaritanos mencionados na Bíblia: nós não nos comunicamos (membros de diferentes denominações as vezes nem se falam), atingindo ao ponto do corpo de Cristo ser mutilado e cada pedacinho tem a sua própria cabeça, que é o “Cristo a gosto do cliente”. Gosto muito de uma frase do Paulo Romero que diz: "Quem crer no Jesus errado, embarca em uma salvação errada, e pode desembarcar no céu errado".
        Conheci um Pastor que Batia no peito e dizia: “sou belemita da orelha furada”, em clara menção sobre a lei vetero-testamentária que dizia que um escravo que, por amar seu senhor, quisesse ficar com ele deveria ter sua orelha furada em sinal de escravidão perpétua, veja o disparate deste pastor. O que ele está dizendo vai contra tudo o que a Bíblia ensina, pois deveríamos ser “cristãos de orelhas furadas” pois é a Ele que deveríamos servir e não a uma denominação.
        Quero também corrigir um erro Crasso que cometemos a Ekklesia** – e é por isso que uso o termo denominação em lugar do termo igreja – era uma instituição Ateniense formada pelos cidadãos, eram os “chamados para Fora”, Jesus se apropriou deste nome para a sua Ekklésia formada pela assembléia de seu novo povo, assim como os atenienses, nós também fomos chamados para fora, nós somos a Igreja de Cristo. Nós criamos o conceito de “Igreja visível” e “Igreja invisível”, porém este conceito é defeituoso a Bíblia nunca autenticou esta nossa visão o exemplo disso é está em Rom. 16.5 onde Paulo saúda a Igreja que se reúne na casa de Áquila, ele não diz a “igreja de Áquila”, ele diz à “igreja que se reúne em sua casa”. A Igreja segundo Paulo eram as pessoas. Nós os que tivemos um encontro real e verdadeiro com Jesus Cristo, que fomos atraídos pelo seu irresistível amor, somos a Igreja.
         Não podemos nos esquecer da supervalorização do homem, do líder. Quando estudei Apologética pelo Instituto Cristão de Pesquisas (ICP), aprendi a reconhecer as seitas através das quatro operações matemáticas***. Recordo ainda de cor sobre a divisão: “Dividem a fidelidade entre Deus e a organização. Desobedecer à organização ou à igreja equivale a desobedecer a Deus. Não existe salvação fora do seu sistema religioso.”
          Que coisa mais interessante isso vem acontecendo em quase todas as denominações Evangélicas, principalmente as neo-pentecostais criamos uma supervalorização do líder, como se ele fosse o próprio Deus na terra. Eu sempre pensei que Jesus era o abençoador do mundo, mas Descobri que ele perdeu o reinado para o R.R.Soares, o Edir Macedo tem seus clones espalhados por todo o país (fiquei pasmo ao ver como conseguem imitar o timbre de voz), Marco Feliciano não fica pra traz ta cheio de gente imitando o cara, o pessoal do Valdomiro faz fila pra pegar o lencinho com o seu suor “sacro-santo” (ah esse me dá nojo), Ezequiel Pires tem a visão de raio X, Silas Malafaia é o auto proclamado “Profeta de Deus”, pensei que o ultimo profeta foi João Batista (ah já sei talvez Jesus tenha mentido né???).  Agora pare um segundo pense pelo amor de Deus, quem são esses homens não são ninguém, João disse:” Importa que ele cresce e eu Diminua”, mas esses e outros homens estão dizendo: importa que eu cresça e Ele que se vire. O Prof. Leandro Villela**** disse em um dos seus vídeos que as pessoas lhe enviam mensagens dizendo que não admitem que ele fale mal de um ou outro pastor, mas estranhamente não vê estas pessoas entrando em sites ateus e dizendo que não admitem que ninguém fale mal de Jesus, é inegável a algo de muito errado acontecendo em nossa vida, Jesus não é mais o centro.
        Fora as orações fortes que aparecem por aí e que muita gente vai atrás, isso nos leva a outra discussão quem é forte? A oração? Ou o Deus a quem a oração é dirigida? Não existe oração forte, Deus ouve a oração de uma pessoa tão bem quanto ouve de 318. Ninguém pode obrigar Deus a fazer coisa alguma, veja o Ele diz sobre isso: “terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer” Ex.33.19. Ele responde a oração porque quer, porque nos ama, porém só faz quando quer. Nós não somos merecedores de nada, e Ele não tem nenhuma obrigação para conosco em relação a isso, já que nunca prometeu um mar de rosas, muito pelo contrario Jesus nos avisou: “No mundo tereis aflições, tenham bom ânimo...”.
         Na verdade quem tem Glória é Deus, o Poder é Dele (Sl 62:11 “Deus falou uma vez; duas vezes ouvi isto: que o poder pertence a Deus”) tudo vem Dele estamos errados ao dividi-la com qualquer outro ser ou denominação, a Ele sempre o mais perfeito louvor. A Glória da Igreja é Cristo. Deus nunca dividiu sua glória com ninguém As denominações e os líderes inescrupulosos devem se arrepender o quanto antes, ou sua parte será com os hipócritas onde a pranto e ranger dos dentes. Quantas vezes esses líderes dizem servir a Jesus e acabam por servir-se Dele com o pretexto de O glorificarem quando na verdade quere a Glória para sí, usando-O para se auto-promoverem como “Homens de Deus”, em mais um deslize para o Antigo Testamento, já que Paulo, Pedro, Tiago, João, Timóteo, E os outros nunca usurparam esse título para si, antes se Auto proclamavam escravos de Cristo, cujo único interesse era promover, glorificar e Honrar Aquele que tudo é. Nós não temos a Glória e nós não temos a Honra, pois ela também é Dele.

           A ELE A HONRA E GLÓRIA E O DOMÍNIO PELOS SÉCULOS DOS SÉCULOS!

NOTAS:
* Não vou colocar todas, pois não tenho todo o tempo do mundo, mas se você fala alguma e eu não postei não se sinta discriminado.
** Nossa palavra Igreja deriva etimologicamente da Palavra Grega Ekklesia.
*** Para uma maior orientação sobre esse tema Acesse www.icp.com.br.
**** http://www.youtube.com/user/inconformadostv#g/a

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A SUPREMA LINHA DA HISTÓRIA

Rubinho Pirola

            Nós sempre fomos acostumados a contar a história da salvação pelo lado do imprevisto, do acidente de percurso na história da humanidade, à partir de uma ótica bem nossa: Deus que é bom, criou o homem à sua imagem e semelhança, livre, sem pecado e, por obra desta criatura, desobedeceu ao Criador, comendo do que não devia - a árvore proibida - e dançou.

              Em suma, de nós homens correndo e Deus, correndo - mais ainda - atrás do prejuízo que fabricamos.

              Deus, sem saber o que fazer, pensamos nós, mesmo sem ser assim tão explícito - ficou agoniado, posto em cheque - e, furioso, expulsou o sujeito e a esposa do paraíso.

              Essa é a nossa versão. Há ainda os que afirmam com toda a sua razão e convicção "teológica", que Deus, para resolver a situação, ou remediá-la, tentou de várias maneiras a coisa: Primeiro pelos patriarcas, pelos profetas, pela lei, etc... até que (ufa!) aparece Cristo na parada (no fim das tentativas e não como primeira e única opção) e põe de novo as coisas nos seus lugares.

              Vai dai, que, não bastasse uma porção de cristãos viverem sobressaltados com os prováveis imprevistos da vida, achando-se à mercê de si mesmos e da sorte, com um Deus assentado no alto e sublime trono a assistir toda a tragédia, à espera e Ele próprio, à mercê desse homem e da sua performance, vêm os pensadores a questionarem toda a bagunça.

              Dentre esses, Saramago, o Nobel, expoente maior da literatura portuguesa dos nossos dias a tocar dedo na ferida da cristandade.

              Se Deus é bom, porque não pôs Ele guardas, miríades de anjos e arame farpado à volta da bendita - ou, no caso, maldita - árvore? Se é que o Altíssimo é onisciente, porque não impediu Ele o homem de tal crime para depois ter de o castigar?

              Toda essa coisa, fica mais claro, notássemos nós os textos sagrados todos ao invés de retermos-nos em apenas alguns.

               Pela mesma razão, acrescentaria eu ao escritor português - aprouve a Deus também "oferecer Cristo antes da fundação do mundo, antes que qualquer pecado fosse cometido". Ou seja,... havia - e há - um plano maior que nos escapa aos olhos, um plano "bom, perfeito e agradável" em marcha.

               (1Pe 1:18-20) - "Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós."

               (Ap 13:8) - "E adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo."

               Deus estabeleceu todas as coisas, lá no princípio dos princípios, para fazer convergir em Cristo todas as coisas. Ele é quem mantém inclusive cada um de nós existindo, mesmo apesar da morte espiritual a que fomos sujeitos.

               O que precisamos nos lembrar, à luz dessas escrituras, é que nada, nem ninguém, nem coisa alguma é capaz de surpreender a Deus, nem nunca o pegamos de surpresa com os nossos atos - dos quais somos responsáveis - andando, nos movendo e existindo em Cristo, intermediando de um lado a santidade de Deus e, de outro, a nossa miséria.

                Em toda essa história, vemos o Cordeiro, que estava lá, sem o qual, "nada do que foi feito se fêz", sendo parte da construção, o modelo e o mantenedor, o promotor da unidade e o cabeça capaz de conduzí-la ao propósito de toda a raça humana, esse, justamente, traçado lá na eternidade, antes de todas as coisas.

                “Este (Cristo) é a imagem do Deus invisível, o primogénito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.” Cl 1:15-17

                 O que aprendo com tudo isso?

                 •Fomos criados por Deus e para Ele, tendo como modelo e alvo, Cristo;

                 •Tenho de saber que nada do que me acontece, escapa das mãos de Deus, nem as coisas agradáveis, nem as outras.


                •Que nas horas mais difíceis da minha vida, Deus estava soberano, dando continuidade à uma história maravilhosa de amor, perfeita em todos os detalhes

                 •Não há glória nenhuma em nós, mas em Deus que nos mantém e ajuda a viver o Seu plano;

                  •E que vivemos pela graça e a graça aponta para Cristo e isso, deve gerar em nós gratidão e submissão.

                  Olhando por esse prisma, mesmo com a tragédia do Éden, a vida que Deus nos chama a viver torna tudo diferente.

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ubinho é outro dos criminosos que insistem em pensar no Genizah. Apesar de tanta bagunça à sua volta, ainda se considera um missionário esperançoso no que Deus é capaz de fazer no meio de todos nós - inclusive ele próprio - tendo tudo debaixo das Suas mãos.

POST. PUBLICADO EM http://www.genizahvirtual.com/

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

95 TESES PARA OS DIAS DE HOJE.

Por: Diogo Henrique de Sá
Com um desejo ardente de trazer a verdade à luz, as 95 teses foram defendidas em Wittenberg sob a presidência do Rev. Frei Martinho Lutero, Mestre de Artes, Mestre de Sagrada Teologia e Professor oficial da mesma.
E é com o mesmo desejo ardente de trazer a verdade à luz, que as seguintes teses serão defendidas por mim.
Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Amém!

1. Ao dizer: Eu te darei as chaves do Reino dos Céus. [Mt 16:18-19:], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo nunca quis que toda a vida do fiel fosse controlada pelos pastores, bispos e paipóstolos.
2. Outrossim, fica claro que os pastores, bispos e paipóstolos são conservos dos fieis e não seus donos, uma vez que não foram eles quem morreram para remissão dos pecados. Fica claro ainda que os pastores, bispos e paipóstolos não podem exercer domínio sobre a vida e finanças do crente.
3. No entanto, o que os pastores, bispos e paipóstolos fazem é dominar, a seu bel prazer, a vida dos fieis, com pretexto de incutir santidade na vida dos crentes, no entanto uma santidade legalista e farisaica que não seja o resultado de uma mudança interior causada pelo Espírito é, diante de Cristo, inválida.
4. Por conseqüência, a pena do pecado perdura até que brote em seu âmago o ódio do pecado e de si mesmo pela prática dos mesmos pecados (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.
5. Os pastores, bispos e paipóstolos não querem e nem podem dispensar de quaisquer penas senão daquelas que eles próprios impuseram por decisão própria.
6. O pastor, bispo, apóstolo etc... não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente, perdoando os casos que lhe são reservados. Se eles deixassem de observar essas limitações, a culpa permaneceria.
7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa que, por mais que seja sincera, esteja em qualquer denominação eclesiástica sem que tenha confiado sua vida sem reservas a Jesus.
8. Os bens materiais pertencem apenas aos vivos; segundo a Santa Palavra de Deus, nada poderá ser levado pelos moribundos.
9. Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através dos sacerdotes quando estes, em seus ensinos, sempre apontam para a eternidade conforme a Palavra de nosso Senhor.
10. Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que se esquecem que a vida aqui é passageira e que é preciso ajuntar tesouros no céu.
11. Essa cizânia de transformar a fidelidade a Deus em fidelidade à denominação ou ao líder parece ter sido semeada enquanto os crentes certamente dormiam.
12. Antigamente os Apóstolos e País da Igreja, bem como os Reformadores se ativeram em Pregar o genuíno Evangelho, onde o amor de Deus aos homens demonstrado na Cruz de Cristo era o seu âmago.
13. Através de suas mensagens os Pastores, Bispos e Paipóstolos tem ensinado um Evangelho diferente primeiro por oprimir as ovelhas reduzindo-as a servidão a outro senhor que nada mais são do que eles mesmos, e segundo por pregar um Evangelho insuficiente para a vida, pois promete bênçãos e maldições aqui nesta terra e se silencia sobre o porvir.
14. Os ensinamentos dos Pastores, Bispos e Paipóstolos necessariamente trazem consigo grande temor, e tanto mais quanto menor for o amor que aqueles têm por estes últimos.
15. Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a subserviência por parte dos fiéis, uma vez que estes estão próximos do horror e do desespero.
16. Inferno e Céu parecem ser usados da mesma forma para produzir, nos incautos, um desespero ainda maior, e a obediência sega ao líder é usada para produzir uma falsa segurança.
17. Parece razoável considerar que - para as almas que ouvem as pregações destes pastores, bispos e paipóstolos que além de dividirem a fidelidade de Cristo ainda pregam um evangelho enriquecedor - o desespero que eles sentem devesse diminuir à medida que as contribuições crescessem.
18. Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontrem mais salvas por terem ouvido estes pregadores.
19. Também parece não ter sido provado que as almas estão certas de sua Salvação e da convicção que esta realidade é vil e passageira, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza disso.
20. Portanto, se existe estas bênçãos, por que os pastores, bispos e paipóstolos não concedem, por amor, simplesmente todas, ao invés de somente aquelas que ele mesmo querem dar.
21. Erram, portanto, os pregadores de prosperidade que afirmam que a pessoa é abençoada pelas vultosas quantias entregues aos pastores, bispos e paipóstolos.
22. Com efeito, ele não dispensam as pobres almas de continuarem trazendo as pesadas contribuições, mesmo que elas já tenham entregado muito de seus recursos.
23. Se é que se pode dar alguma benção financeira a alguém, ela, certamente, só é dada aos mais generosos, isto é, pouquíssimos.
24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de abundantes riquezas nesta vida.
25. O mesmo poder que os pastores, bispos e paipóstolos tem sobre o as bênçãos de modo geral, qualquer fiel tem, desde que esteja em acordo com a Palavra de Deus, em sua vida em particular.
26. Os pastores, bispos e paipóstolos fazem muito bem ao abençoar as almas não pelo poder das chaves (que eles não têm), mas por meio de intercessão.
27. Pregam doutrina mundana os que ensinam que Deus precisa do “tilintar das moedas” lançadas nas salvas, para derramar bênçãos sobre as pobres Almas.
28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.
29. E de onde tiraram a idéia de que Jesus realmente almeja encher as almas, de riquezas matérias?
30. Ninguém tem certeza de que seu sacrifício financeiro é suficiente, muito menos de haver, por ele, ter conseguido o favor de Deus.
31. Tão raro como quem é abençoado de fato é quem adquire autenticamente as ofertas para a liberação das supostas bênçãos, ou seja, é raríssimo.
32. Serão condenados pela eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação pelos ensinos destes falsos profetas sob títulos como: pastores, bispos e paipóstolos.
33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as mensagens dos pastores, bispos e paipóstolos aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Ele.
34. Pois os ditames destes pastores, bispos e paipóstolos servem somente para satisfazer suas vaidades, e não passam de determinações humanas.
35. Os que ensinam que a contrição e a mudança de atitude conforme os padrões verdadeiramente bíblicos não são necessários para evidenciar a redenção recebida através do Sangue de Cristo, estão pregando doutrinas incompatíveis com o cristão.
36. Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem remissão plena tanto da pena como da culpa, que são suas dívidas, mesmo sem a benção de um pastor, bispo ou paipóstolo.
37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem a benção financeira de qualquer líder eclesiástico.
38. Contudo, o trabalho feito pelos pastores não deve ser desprezado, pois é legitimo, quando feito de acordo com a vontade de Deus expressa em sua Palavra.
39. Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar simultaneamente perante o povo a Salvação pela graça unicamente e a nova doutrina de Salvação pelas Obras, ou melhor dizendo pelas ofertas e pela obediência incondicional aos pastores, bispos e paipóstolos.
40. O coração verdadeiramente Contrito procura e ama a correção da Palavra, ao passo que os seguidores da abundância das ofertas e Sacrifícios financeiros a odeia, ou pelo menos a maioria deles.
41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as ofertas e dízimos, para que o povo não as julgue, erroneamente, como preferíveis às demais boas obras do amor.
42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é por que os pastores, bispos e paipóstolos pensam, que os sacrifícios financeiros possam, de alguma forma, ser comparados com as obras de misericórdia.
43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que dar as ofertas, mesmo que se comprassem o próprio jatinho dos pastores, bispos e paipóstolos.
44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as ofertas, dízimos e sacrifícios financeiros – esperando a tão almejada benção financeira – ela não se torna melhor, mas, pelo contrário, se torna pior que o infiel, sobretudo devido à busca desenfreada pelas riquezas.
45. Deve-se ensinar aos cristãos que, quem vê um carente e o negligencia para gastar com os sacrifícios financeiros obtém para si não as bênçãos financeiras dos pastores, bispos e paipóstolos, mas a ira de Deus.
46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com campanhas de vitória, que visam a “restituição” financeira por parte de Deus.
47. Deve-se ensinar aos cristãos que a entrega das ofertas e sacrifícios financeiros é livre e não constitui obrigação.
48. Deve ensinar-se aos cristãos que, ao exercer sua função, os pastores, bispos e paipóstolos têm mais anseio (assim como tem mais necessidade) de oração devota em seu favor do que do dinheiro que o fiel está pronto a pagar.
49. Deve-se ensinar aos cristãos que as ofertas e dízimos são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem ou distorcem a Verdade de Deus por causa delas.
50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se os Verdadeiros Apóstolos soubessem das exações dos pregadores de prosperidade dos dias hodiernos, teriam corado de vergonha por ver que os pastores, bispos e paipóstolos vem construindo verdadeiros impérios com a lã, a pele, a carne, as unhas e os ossos de suas ovelhas.
51. Deve-se ensinar aos cristãos que os pastores, bispos e paipóstolos deveriam estar dispostos – como é seu dever – a dar do seu dinheiro, que ardilosamente extorquiram dos fieis, àqueles muitos que sofrem maiores dificuldades financeiras, mesmo que para isto fosse necessário vender suas Catedrais, jatinhos e castelos.
52. Vã é a confiança na salvação e vida repleta de bens por meio das mensagens de prosperidade, mesmo que os mensageiros que, utilizando títulos de pastores, bispos e paipóstolos, dessem suas almas como garantia pelas mesmas.
53. São inimigos de Cristo e do Espírito Santo aqueles que, por causa da pregação de bênçãos financeiras, fazem calar por inteiro a Palavra de Deus nas igrejas.
54. Ofende-se a Palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo aos anjos, ao dinheiro, as unções, ao experiêncialismo e as pseudo-profecias do que a ela.
55. A atitude dos pastores, bispos e paipóstolos necessariamente são: se as unções financeiras e proféticas (que são irrelevantes) são celebradas com grandes Campanhas, cultos e cerimônias, o Evangelho (que é infinitamente o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de Reuniões, Cruzadas e cerimônias, por todos os meios de comunicação possíveis.
56. Os tesouros das denominações, a partir dos quais os pastores, bispos e paipóstolos concedem as bênçãos e unções financeiras, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.
57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.
58. Eles tampouco são os méritos de Cristo, pois este sempre opera, sem os Pastores, Bispos e Paipóstolos, a graça do ser humano interior transformando-o a estatura de homem perfeito, aquele que começou boa obra no ser humano há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus.
59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.
60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem estes tesouros.
61. Pois está claro que, para a remissão das penas do pecado, a morte de Cristo por si só é suficiente.
62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
63. Mas este tesouro é certamente o mais odiado, pois faz com que os primeiros sejam os últimos.
64. Em contrapartida, o tesouro das ofertas, dízimos e sacrifícios é certamente o mais benquisto, pois faz dos últimos os primeiros.
65. Portanto, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.
66. Os tesouros das unções financeiras e campanhas, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.
67. As unções financeiras e prosperidades apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tais, na medida em que dão boa renda.
68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade da cruz.
69. Os pastores, bispos e paipóstolos têm a obrigação de admitir em sua congregação toda espécie de gente.
70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que essa gente, quando investida de algum título eclesiástico, não pregue os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbidos pelo nosso Senhor Jesus Cristo em sua Palavra.
71. Seja excomungado e amaldiçoado quem falar um Evangelho diferente do Evangelho da Cruz, que não quer enriquecer ninguém, a não ser da Graça, e também aquele que, sob pretexto de fortes orações, se aproprie do fruto do suado salário do fiel.
72. Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de prosperidade.
73. Assim como os pastores, bispos e paipóstolos, com sua razão, fulminam aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de unções financeiras.
74. Muito mais deseja fulminar Deus aqueles que, a pretexto das unções financeiras, procuram fraudar a verdade de Deus e a santa caridade do fiel.
75. A opinião de que as unções financeiras e bênçãos dos sacrifícios são tão necessárias que Deus as reservou aos crentes nestes últimos dias é loucura.
76. Afirmamos, pelo contrário, que as bênçãos financeiras que os pastores, bispos e paipóstolos tanto pregão não são sequer uma mensagem válida diante de nosso Senhor.
77. A afirmação de que estas mesmas bênçãos financeiras constituem atualmente o desejo legítimo do Próprio Deus - e que podem ser confirmadas pela sua Palavra uma vez que está intrínsecas a ela - para com o homem é blasfêmia contra Deus.
78. Dizemos contra isto que quaisquer pastores, bispos e paipóstolos, têm maiores graças que essas, a saber, o Evangelho, as Virtudes, a Graça, a Salvação Eterna etc., como está escrito em I Coríntios XII.
79. É blasfêmia erguer as insígnias dos pastores, bispos e paipóstolos, como se fossem a Cruz de Cristo.
80. Terão que prestar contas os pastores, bispos, paipóstolos e pseudo-teólogos que permitem que semelhantes sermões sejam difundidos entre o povo.
81. Essa licenciosa pregação de prosperidade faz com que não seja fácil, nem para os homens mais doutos, defender a dignidade dos pastores, bispos e paipóstolos contra as acusações e questões, sem dúvida arguta, dos leigos.
82. Por exemplo: Por que os pastores, bispos e paipóstolos não liberam estas unções por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas – se abençoam um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da suas basílicas, compra de aviões, caixas de som, microfones, carros e casas pastorais, que é uma causa tão insignificante?
83. Do mesmo modo: Por que se mantêm as festas, os aniversários dos pastores, bispos, paipóstolos e casamento de seus filhos arrancando dinheiro dos membros, através do constrangimento e promessas de grandes farturas, e não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo nem mesmo o salário que tens recebido?
84. Do mesmo modo: Que nova piedade de Deus e dos pastores, bispos e paipóstolos é essa que, por causa do dinheiro, se permite abençoar uma alma piedosa e amiga de Deus, mas não o contempla por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta por amor gratuito?
85. Do mesmo modo: Por que os métodos vétero-testamentários – que de fato, e por desuso, já há muito revogados pela cruz de Cristo – ainda são praticados por dinheiro, para concessão de unções financeiras, como se ainda estivessem em pleno vigor?
86. Do mesmo modo: Por que os pastores, bispos e paipóstolos cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos mais crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos suas Catedrais, hospitais, creches etc. ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?
87. Do mesmo modo: O que é que os pastores, bispos e paipóstolos abençoam e concedem àqueles que, pelo sacrifício perfeito de Cristo, têm direito à plena remissão e participação?
88. Do mesmo modo: Que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se os pastores, bispos e paipóstolos, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedessem essas unções e bênçãos cem vezes ao dia a qualquer dos fiéis?
89. Já que, com as mensagens proféticas, os pastores, bispos e paipóstolos procuram mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que anulam as bênçãos e unções, outrora já por eles concedidas, se são igualmente eficazes?
90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e os seus líderes à zombaria dos inimigos e fazer os cristãos infelizes.
91. Se, portanto, as bênçãos, as mensagens proféticas da ultima hora, e unções fossem pregadas em conformidade com o Espírito e a Palavra de Deus, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.
92. Portanto, fora com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo "Paz, paz!" sem que haja paz!
93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo "Cruz! Cruz!" Que preguem uma Salvação unicamente pela graça. E a ineficácia das obras e ofertas para receber as bênçãos dos céus. Que ensinem que a nossa vitória não vai chegar esta noite durante a reunião de oração, pois a nossa vitória já chegou e foi conquistada na Cruz.
94. Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, e não os ditames de líderes espirituais que colocam sobre o crente um jugo tão pesado que eles mesmos não movem uma unha para aliviá-lo.
95. E que confiem entrar no céu antes passando por muitas tribulações do que por meio da vã confiança de paz e prosperidade.