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sábado, 17 de janeiro de 2015

UMA REFLEXÃO DA NOSSA REALIDADE.

Por: Diogo Henrique de Sá


“Escreve ao anjo da igreja que está em Éfeso: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro: Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos. E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste. Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres. Tens, porém, isto: que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus.” (Apocalipse 2:1-7)
            Ao ler esta primeira carta de Jesus Cristo às igrejas da Ásia Menor, não consigo disfarçar minha inquietação diante do fato de que a igreja nesta cidade já não existe. Bom... ao que tudo indica, a Igreja ali não obteve êxito em reavaliar sua situação diante de Cristo, não conseguiu enxergar onde havia caído e, em conseqüência disso, seu braço do castiçal foi retirado. Essa constatação me faz pensar na história da Igreja, se olharmos para história veremos que nos locais onde a igreja começou e os apóstolos passaram, hoje são as regiões menos acessíveis ao Evangelho. Se dirigirmos nossos olhares para a o berço da Reforma Protestante: Alemanha, Suíça, Inglaterra, França e Escócia, teremos o mesmo vislumbre.
            A despeito dos grandes heróis da fé que passaram por essas terras, a igreja ali perdeu seu foco, tal qual os nossos irmãos em Éfeso. Isso me faz pensar sobre como isso teria acontecido? Eu indago a respeito de como os cristãos nestas regiões permitiram que a igreja dali desaparecesse? Como ninguém fez nada para reverter o quadro?
Ao observar a história contemporânea da igreja eu pude perceber que a Igreja não desaparece de uma região de uma hora para outra, pelo contrário o processo de secularização do povo de Deus é gradativo e ocorre sempre após um momento em que a comunidade cristã passa por um certo período de relevância, logo em seguida ela vai minguando até se tornar insípida, e aí para nada mais serve do que ser lançada ao chão e ser pisada pelos homens. Durante o período de arrefecimento o sinal de alerta até chega a piscar, algumas vozes chegam a bradar, mas ninguém dá a atenção devida.
E por que não deram a devida atenção para o problema?
A resposta para esta indagação pode ser encontrada na própria carta de Jesus aos efésios. Veja que o Senhor começa esta carta dizendo que Ele conhecia as obras daqueles cristãos, e eles trabalhavam muito. É dito que eles “trabalhavam sem se cansar, pelo nome de Cristo”, mas todo esse trabalho era inútil, pois eles não amavam mais o Senhor! O trabalho havia se tornado um fim em si mesmo. E no meio de tanto trabalho perderam o foco, não faziam nada por amor a Jesus, mas por amor a si mesmos.
O Brasil está passando por um momento assim, ninguém pode acusar as denominações de não possuírem trabalhos, elas são especialistas em criarem departamentos e mais departamentos, há trabalho pronto para qualquer um que quiser tornar sua estadia na denominação mais substancial. Eu já estive tão atarefado com os trabalhos de minha denominação (não a atual), que eu mal tinha tempo para orar e ler a Bíblia. Como isso é possível? Acredite, essa é a realidade da maioria dos cristãos no nosso país. Nesse turbilhão de atividades que a cristandade criou para supostamente servir a Cristo, quase nada do que é feito foi requerido por Deus. São projetos humanos que levam o nome de Jesus. E líderes inescrupulosos se aproveitam dos jogos de poder para tornar possível seus planos megalomaníacos de crescimento numérico e financeiro, sem contudo atentar para a efetiva evangelização dos fiéis, e como poderíamos esperar diferente, se estas comunidades se distanciaram tanto da cruz que sequer conseguem se lembrar de como Jesus era. A imagem que os evangélicos fazem de Jesus á a mais bizarra possível.
A preleção na grande maioria das denominações é algo abominável, o que se prega não é evangelho nenhum (me lembro de a uns 10 anos quando um destacado “ministro” da Igreja da Graça foi questionado sobre o que seria os quatro Cavaleiros do Apocalipse? E a resposta dele foi: “Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe” e ele continuou: “esse povo tem que parar de ler a Bíblia e começar a crer mais” este é só mais um caso dentre muitos), o que esperar de uma igreja tão distanciada da Palavra de Deus que não pode perceber que já não ama a Cristo. E eu sei o que muitos vão dizer (escuto isso com mais freqüência do que deveria), “você está julgando” ou “você generaliza demais” ou ainda: “como você pode conhecer o coração das pessoas”. A resposta a isso tudo é que: Jesus nos alertou de que no dia do juízo muitos diriam:
“Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.” (Mateus 7:22-23)
Veja estes MUITOS teriam trabalhado bastante por Jesus, fazendo não poucas maravilhas, mas mesmo assim seriam apartados do Mestre. E nos versos anteriores Jesus nos ensina a julgar entre os verdadeiros servos e os fraudulentos:
“Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.”  (Mateus 7:16-20)
E se você acha que Ele não disse para julgar, observe a palavra utilizada por Jesus no inicio do verso 15: “acautelai-vos”, ou seja, tome cuidado, como eu posso tomar cuidado se eu não fizer o julgamento para determinar se um mestre é bom ou mau. Cristo é tão maravilhoso que não só nos manda julgar como ainda nos dá o critério para esse julgamento: “Pelos frutos que se julga a árvore!” E os frutos que estas igrejas estão produzindo é ruim! Basta olharmos para o resultado da proliferação de denominações no nosso país, os índices de crescimento dos evangélicos aqui aumentam a cada dia, em valores altamente desproporcionais com o crescimento de todas as outras religiões, mas o aumento do número de evangélicos no Brasil não tem gerado uma sociedade mais justa, mais igualitária, muito pelo contrário, a nação afunda cada vez mais em corrupção, em imoralidade, em violência e tudo o mais que é abominável aos olhos de Deus, isso é uma prova consistente de que embora os evangélicos tenham ingressado nas muitas áreas da sociedade, essa entrada não tem gerado mudança, muito pelo contrário, as bancadas evangélicas são campeãs de corrupção e fraudes no governo.
Minha experiência como professor de História, também me fez constatar que o número de pessoas que se identificam como “sem religião” tem aumentado entre os alunos do ensino fundamental e médio. E conversando com esses alunos verificamos que esse abandono da religião está ligada a decepção após muitas tentativas de se encontrar Deus no grupo religioso. A maioria dessas pessoas que se identificam como não tendo religião, passaram por muitas igrejas evangélicas, mas não viram as atitudes de Cristo na vida dos chamados cristãos, e após muitas decepções acabaram por concluir que uma igreja que anuncia um Jesus tão materialista, e que há uma diferença entre o que se prega e o que se vive, isso só pode significar que Deus não existe, e se Ele existir é impossível conhecê-lo verdadeiramente.
            Bom diante disso tudo quero chegar ao fim de minhas considerações. Eu já ouvi muito se falar que nossa geração é a do arrebatamento, e para ser sincero, a coisa está num pé tamanho que não imagino que este maravilhoso evento demore muito para ocorrer. Mas... e se ele não ocorrer nesta geração? E se vierem outras? Como estará nossa pátria? Será que Cristo encontrará Fé nesta terra? Eu não quero que as gerações futuras pensem que eu fui um covarde, que não me levantei e clamei, não quero ficar envergonhado diante de Paulo, de Pedro, de Lutero, e dos tantos outros que talvez dirão: Por que ninguém tentou impedir isso? Por que permitiram que a luz da Igreja no Brasil fosse arrancada do Castiçal? E, o mais importante de tudo, eu não quero ficar mais envergonhado do que já estou, diante do meu Senhor!
Ele me chamou.
Eu preciso me levantar e mudar!

A Jesus Cristo seja a Glória para todo o sempre!