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domingo, 29 de abril de 2012

Cristo a Palavra da Vida



Diogo Henrique de Sá
Leitura: 1 João 1.1-4
“O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida. (Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada); O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo. Estas coisas vos escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra.”

Quando o Apóstolo João escreveu essas palavras (entre os anos 85-100 d.C.), ele se dirigia há uma comunidade de cristãos que, como nós, não conheceram Cristo pessoalmente.
Naquela época um grupo filósofo-religioso chamado Gnósticos, havia se aproximado da Igreja e espalhado heresias a respeito de Jesus, confundindo os irmãos. Eles ensinavam, dentre outras coisas, que Jesus não é Deus mas sim um Aeon (um ser espiritual que servia de intermediário entre Deus e os homens), os gnósticos também ensinavam que o mal estava na carne, ou seja, no corpo físico. Assim sendo, Jesus, enquanto esteve na terra, não poderia ter um corpo físico, pois uma vez que ele era um intermediário entre Deus e os homens, não poderia ter um corpo, pois isso significaria que ele seria um pecador.
As implicações dos ensinos gnósticos eram muito sérias. Pois veja: Se Cristo não teve um corpo humano, se ele não se fez homem, ele não ressuscitou, alias ele sequer morreu. Mas se ele não ressuscitou não há esperança de ressurreição para nós. Afinal de contas Paulo nos assegura que o fato de Jesus ter ressurgir dos mortos é que garante a nossa ressurreição futura. Veja o que ele diz:
“Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem. Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.
Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.” (1ª Cor. 15.12-23)

Na verdade, se Jesus Cristo não morreu, sequer estamos salvos.
João então escreve esta epístola para que, como ele mesmo diz, possamos ter “comunhão com ele” (v.3), e a nossa “alegria seja completa” (v.4). Ele responde dizendo: Eu estava lá. Vocês dizem saber das coisas (de fato a palavra Gnóstico deriva da palavra grega “gnosis” que significa conhecimento, assim os gnósticos afirmavam que seu grupo detinha o conhecimento), mas não sabem , vocês não estavam lá como eu. João ouviu os muitos ensinos, ele ouviu a Palavra da Vida. Jesus possuia um corpo físico, João tocou na Palavra da Vida, suas mãos apalparam o Verbo da Vida, João reclinou em seu “colo”. Seus olhos o viram. João viu os milagres, viu a agua se transformar em vinho, viu os mortos ressuscitar, viu o pão se multiplicar, viu pessoas serem libertas de seus pecados, ele próprio foi transformado por Cristo, o antigo “filho do trovão” foi moldado à Apóstolo do Amor. João viu Jesus ser preso, viu Ele ser crucificado,  viu a tumba vazia, e depois O viu ressuscitado. Inclusive tocou nele depois da ressurreição. João sabe do que está falando, ele estava lá. E para ele Cristo é tudo aquilo que sempre ouvimos falar dele, Jesus era a Dádiva que estava escondida com o Pai, mas foi nos dada, Jesus era realmente tudo aquilo que Ele próprio dizia de Si (conf. V 2).
Hoje em dia, da mesma forma, pessoas aparecem dizendo boçalidades a respeito de Jesus. Em épocas de festa cristã a mídia sempre veicula diversos artigos tentando dar uma palavra positivista a respeito de Cristo.  Dizem que Ele foi um bom homem, ou um bom mestre. Outros afirmam que ele foi um “guru”, um “iluminado”. Alguns kardecistas afirmam que ele foi um “espírito puro”. Uma corrente dentro do budismo afirma que ele foi um buda menor. Os Islâmicos afirmam que ele foi um profeta menor se comparado a Maomé. A falsa ciência  (porque os verdadeiros cientistas reconhecem suas limitações, e não se aventuram no campo da Fé), afirma diversas coisas sobre Nosso Senhor. Dizem que Ele não existiu, ou que houve um fenômeno chamado Jesus e não uma pessoa específica, outros afirmam que ele foi só mais um fundador de uma religião, mas não passou de uma pessoa comum.
A respeito disso, gostaria de aproveitar uma resposta preparada por C.S.Lewis. Lewis. Lewis afirma que só podemos ter duas concepções sobre Jesus, não existe meio termo. Afinal Jesus fez afirmações extremamente sérias a respeito de sí mesmo. E assim sendo, ou ele é quem diz ser, ou seja, Deus. Ou então ele é um tipo abominável de pessoa1. Lewis acreditava que ele era Deus. João concorda, afinal ele estava lá.

Mas talvez você esteja pensando: mas eu não estava lá. Eu não vi a cruz, nem o túmulo vazio. Isso me lembra uma história que lí a alguns anos atrás:

“Na Universidade de Chicago, Divinity School, em cada ano eles têm o que chamam de “Dia Batista”, quando cada aluno deve trazer um prato de comida e ocorre um piquenique no gramado. Nesse dia, a escola sempre convida uma das grandes mentes da literatura no meio educacional teológico para palestrar sobre algum assunto relacionado ao ambiente acadêmico.
Certo ano, o convidado foi Paul Tillich, que discursou, durante duas horas e meia, no intuito de provar que a ressurreição de Jesus era falsa. Questionou estudiosos e livros e concluiu que, a partir do momento que não existiam provas históricas da ressurreição, a tradição religiosa da igreja caía por terra, porque estava baseada num relacionamento com um Jesus que, de fato, segundo ele, nunca havia ressurgido literalmente dos mortos.
Ao concluir sua teoria, Tillich perguntou à platéia se havia alguma pergunta, algum questionamento. Depois de uns trinta segundos, um senhor negro, de cabelos brancos, se levantou no fundo do auditório: “Dr Tillich, eu tenho uma pergunta, ele disse, enquanto todos os olhos se voltavam para ele. Colocou a mão na sua sacola, pegou uma maçã e começou a comer... Dr Tillich... crunch, munch... minha pergunta é muito simples... crunch, munch... Eu nunca li tantos livros como o senhor leu... crunch, munch... e também não posso recitar as Escrituras no original grego... crunch, munch... Não sei nada sobre Niebuhr e Heidegger... crunch, munch... [e ele acabou de comer a maçã] Mas tudo o que eu gostaria de saber é: Essa maçã que eu acabei de comer... estava doce ou azeda?
“Tillich parou por um momento e respondeu com todo o estilo de um estudioso: ‘Eu não tenho possibilidades de responder essa questão, pois não provei a sua maçã’.
“O senhor de cabelos brancos jogou o que restou da maçã dentro do saco de papel, olhou para o Dr. Tillich e disse calmamente: ‘O senhor também nunca provou do meu Jesus, e como ousa afirmar o que está dizendo?”. Nesse momento, mais de mil estudantes que estavam participando do evento não puderam se conter. O auditório se ergueu em aplausos. Dr. Tillich agradeceu a platéia e, rapidamente, deixou o palco””2.

            Realmente você não estava lá, como João esteve, mas você já provou de Jesus. Já provou da Paz que só Ele nos dá em meio as adversidades, já provou da alegria da salvação, da felicidade de tê-Lo em sua vida. Você percebe a mão Dele quando contempla o firmamento. O Espírito Dele testifica no seu intelecto que você pertence a Ele.
As pessoas por aí falam do que não sabem, mas você já conheceu Jesus e Ele é tudo o aquilo que a Bíblia fala sobre Ele. O que João diz a respeito de Jesus esta de acordo com aquilo que o restante da Bíblia afirma sobre Cristo, e isso para nós já basta.
Se você ainda não tem a convicção dessas verdades em sua vida. Eu lhe apresento o relato de João para que você não fique confuso e possa ter comunhão com tantos cristãos no mundo todo. Experimente Jesus, ele vai encher sua vida de sabor!

Referências Bibliográficas.
1-    LEWIS, C.S. O Problema do Sofrimento. Tradução Alípio de Franca Neto. São Paulo: Editora Vida, 2006. p.29
2- . Acesso em 05 de set. 2011.

terça-feira, 24 de abril de 2012

DIFERENTES TIPOS DE SOLOS.


Diogo Henrique de Sá

“O que semeia, semeia a palavra; E, os que estão junto do caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; mas, tendo-a eles ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que foi semeada nos seus corações. E da mesma forma os que recebem a semente sobre pedregais; os quais, ouvindo a palavra, logo com prazer a recebem; Mas não têm raiz em si mesmos, antes são temporãos; depois, sobrevindo tribulação ou perseguição, por causa da palavra, logo se escandalizam. E outros são os que recebem a semente entre espinhos, os quais ouvem a palavra; Mas os cuidados deste mundo, e os enganos das riquezas e as ambições de outras coisas, entrando, sufocam a palavra, e fica infrutífera. E os que recebem a semente em boa terra são os que ouvem a palavra e a recebem, e dão fruto, um a trinta, outro a sessenta, outro a cem, por um.” (Marcos 4:14-20)
“O Semeador saiu a semear....” Assim começa uma das muitas narrativas esclarecedoras contadas pelo próprio Senhor Jesus. Nesta história, Jesus nos ensina que as pessoas reagem de formas diferentes com relação ao evangelho. Conforme Jesus esse comportamento está ligado aos diferentes tipos de solos no qual a semente é depositada.
A história, que equivocadamente é chamada de parábola do semeador (pois na verdade, o foco está nos diferentes solos onde a semente cai), nos apresenta alguns elementos principais, que são a chave para compreender o ensino de Cristo. Estes elementos são: o semeador, a semente e os solos. Vejamos cada um destes elementos:
·         A Semente – É o Evangelho Santo, as Boas Notícias de salvação, a Palavra de Deus. O ser humano está morto em relação a Deus, mas Cristo morreu para pagar a dívida que tínhamos com o Deus trino, para que todo aquele que acreditar nele não morra eternamente, mas tenha vida eterna. Dessa forma Ele nos convida a entregarmos nossas vidas a Cristo pela Fé. Outra coisa que precisamos saber sobre a semente é que ela é boa.
·         O Semeador – É aquele que proclama a Palavra, as Boas Notícias de forma fiel e incansavelmente. Embora pareça descuidado o semeador cumpre as orientações do seu Senhor, que ordena: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” (Marcos 16:15).
·         Os Solos – São os corações das pessoas, a mensagem cai no coração, e cada coração reage diferente ao Evangelho (é lógico que empregamos uma figura de linguagem aqui, a Mensagem de Salvação é anunciada a nós, e em nossa mente, refletimos sobre essa mensagem).
Segundo a parábola, existem quatro diferentes tipos de pessoas no que diz respeito à reação que estas têm ao entrarem contato como o Evangelho, então vejamos:
E aconteceu que semeando ele, uma parte da semente caiu junto do caminho, e vieram as aves do céu, e a comeram;” (Marcos 4:4).  O primeiro tipo de solo é aquele que ao receber a mensagem nem mesmo permite que ela germine, a dureza de seu coração permite que rapidamente Satanás retire a semente do coração. A mensagem do Evangelho de Jesus está sendo pregada dia a pós dia, em alguns púlpitos (notem que eu digo alguns, pois não é em todos os púlpitos que se proclamam a Palavra de Deus), em alguns programas de rádios, pela internet, as vezes no evangelismo pessoal. Mas muitos dos ouvintes não estão nem um pouco interessados em ouvir a mensagem de Cristo. As pessoas amam o pecado e desejam continuar nele, nem mesmo dão atenção ao trabalho do evangelista.
2º “E outra caiu sobre pedregais, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque não tinha terra profunda; Mas, saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, secou-se.(Marcos 4:5-6). Esses são aqueles que ouvem a pregação do evangelho e vão para as denominações. Ficam no meio dos jovens, das irmãs de oração, do clube dos varões. Eles gostam dos movimentos, são fogo que queimam rápido. Impressionam pelo fervor, pelo legalismo que tem aparência de piedade, em alguns casos chegam a galgar alguns cargos na congregação, muitas das vezes se tornam pregadores. Mas não possui raiz em si mesmos, não permitiram que o evangelho enraizassem ao ponto de comprometer seus corações. É muito comum nós observarmos algum jovem que “era uma benção” mas tão de repente como surgiram eles somem, e quando você ouve falar aquela árvore que parecia tão frondosa morreu (espiritualmente falando). Aquela pessoa está agora nas drogas, bebidas e toda sorte de imoralidade espiritual. Alguns ficam anos se identificando como cristãos, mas nunca conheceram a Cristo, o Evangelho não enraizou ao ponto de por a perder o coração sobrando apenas a mensagem de Cristo.
Outros por ouvirem a pregação da prosperidade, vem para a “igreja” e ficam lá enquanto tudo está bem, mas vindo as dificuldades, abandonam o barco. Para estes, estar com Jesus é se filiar a um clube (que recebe o nome de Igreja), então enquanto eles estão sendo entretidos está tudo bem, quando o entretenimento começa a ficar chato, então ta na hora de abandonar o barco. A culpa são deles que amam mais a si próprios do que Cristo, mas precisamos assumir um mea-culpa, afinal aquilo que nós pregadores às vezes pregamos não é evangelho nenhum (Cristo me livre disso). Mas na parábola a mensagem é boa, isso nos faz pensar, mesmo quando a mensagem é pregada fielmente, algumas pessoas ainda não permitem que o Evangelho enraíze em seus corações, em suas vidas. Quando a árvore é posta a prova ela não suporta, e morre.
3º E outra caiu entre espinhos e, crescendo os espinhos, a sufocaram e não deu fruto. (Marcos 4:7). Estes são aqueles que recebem a Palavra, se unem a uma denominação, se identificam com os demais cristãos, mas vivem cheios de cuidados com esse mundo. Amam o pecado, amam ter uma vida social, amam ter um estilo de vida. Estes são aqueles que se denominam cristãos, mas continuam vivendo em pecado, continuam saindo para as “baladas” gospel’s (e até não gospel). São estes que querem conformar a Cristo com o mundanismo que lhes é próprio. Nunca renunciam a nada, confundem liberdade cristã com libertinagem. Estes só aceitam um Jesus que se acomoda as suas demandas, das lacunas, do bem estar.. A árvore cresce, mas nunca dá fruto, ninguém nunca se beneficia do trabalho deles, não fazem nada pela causa do Reino, o deus deles é o próprio umbigo. As pessoas aqui relacionadas muitas das vezes se tornam pregadores, pastores, líderes, mas vivem e ensinam um evangelho materialista, bonzinho, e preocupado em atender nossos desejos. Essas árvores aparecem, fazem uma sombrinha, mas são completamente inúteis, pois nunca saciaram a fome dos outros.
4º E outra caiu em boa terra e deu fruto, que vingou e cresceu; e um produziu trinta, outro sessenta, e outro cem. (Marcos 4:8). Mas existe o solo bom, e quando o evangelho cai nesse coração, a semente se enraíza, compromete a terra, e a árvore produz muito fruto. As vidas são transformadas e beneficiam o restante da sociedade. Uma vez que a raiz se aprofunda no solo ela vai, sugando mais do ânimo não sobrando espaço para mais nada, nenhuma outra árvore cresce nesse solo. Estas pessoas reconhecem que nada vem dele mesmo, tudo vem de Cristo, Dele é a semente, e é Ele quem dá o crescimento, e somente Cristo é glorificado.
Hoje em dia, com o desenvolvimento da agricultura, essa história parece muito pueril, hoje possuímos equipamentos capaz de analisar o solo, de verificar salinidade, sonares que possibilitam a verificação do solo. Na verdade até mesmo para a época de Cristo o semeador da história é ingênuo, qualquer semeador da época sabia que não se pode jogar sementes ao esmo. Mas o que Cristo evidência nesta parábola é a simplicidade do Evangelho. Hoje em dia grupos cristãos buscam analisar qual o público alvo que queira alcançar, quais as melhores estratégias, enfim. O Reino não é assim! É a simplicidade da pregação do Evangelho para todos os lados, lançando em todas as vidas, de todos os meios possíveis.
 O resultado disso são os mais diversos, vidas transformadas e outras transtornadas, mas Cristo quis assim. Às vezes vejo pessoas escandalizadas com as coisas que vem acontecendo, porém Jesus nunca nos enganou, haveriam falsos irmãos, falsos pregadores, falsos mestres. Porém pelos frutos conhecemos a árvore, pelo fruto conhecemos o coração.
“Porque não há boa árvore que dê mau fruto, nem má árvore que dê bom fruto.
Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois não se colhem figos dos espinheiros, nem se vindimam uvas dos abrolhos.”
(Lucas 6:43-44)
Enquanto isso.... o semeador deve continuar saindo a semear...
A Cristo seja a Glória

terça-feira, 17 de abril de 2012

UMA REFLEXÃO DA NOSSA REALIDADE.



“Escreve ao anjo da igreja que está em Éfeso: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro: Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos. E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste. Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres. Tens, porém, isto: que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus.” (Apocalipse 2:1-7)
            
           Ao ler esta primeira carta de Jesus Cristo às igrejas da Ásia Menor, não consigo disfarçar minha inquietação diante do fato de que a igreja nesta cidade já não existe. Bom... ao que tudo indica, a Igreja ali não obteve êxito em reavaliar sua situação diante de Cristo, não conseguiu enxergar onde havia caído e, em conseqüência disso, seu braço do castiçal foi retirado. Essa constatação me faz pensar na história da Igreja, se olharmos para história veremos que nos locais onde a igreja começou e os apóstolos passaram hoje é são as regiões menos acessíveis ao Evangelho. Se dirigirmos nossos olhares para a o berço da Reforma Protestante: Alemanha, Suíça, Inglaterra, França e Escócia, teremos o mesmo vislumbre.

            A despeito dos grandes heróis da fé que passaram por essas terras, a igreja ali perdeu seu foco, tal qual os nossos irmãos em Éfeso. Isso me faz pensar sobre como isso teria acontecido? Eu indago a respeito de como os cristãos nestas regiões permitiram que a igreja dali desaparecesse? Como ninguém fez nada para reverter o quadro?
Ao observar a história contemporânea da igreja eu pude perceber que a Igreja não desaparece de uma região de uma hora para outra, pelo contrário o processo de secularização do povo de Deus é gradativo e ocorre sempre após um momento em que a comunidade cristã passa por um certo período de relevância, logo em seguida ela vai minguando até se tornar insípida, e aí para nada mais serve do que ser lançada ao chão e ser pisada pelos homens. .......

Precisamos de Homens de Deus



A. W. Tozer

Vigiai, estai firmes na fé, portai-vos varonilmente e fortalecei-vos. 
(I Cor 16.13) 

A igreja, neste momento, precisa de homens, o tipo certo de homens, homens ousados. Afirma-se que necessitamos de avivamento e de um novo movimento do Espírito; Deus, sabe que precisamos de ambas as coisas. Entretanto, Ele não haverá de avivar ratinhos. Não encherá coelhos com seu Espírito Santo.

A igreja suspira por homens que se consideram sacrificáveis na batalha da alma, homens que não podem ser amedrontados pelas ameaças de morte, porque já morreram para as seduções deste mundo. Tais homens estarão livres das compulsões que controlam os homens mais fracos. Não serão forçados a fazer as coisas pelo constrangimento das circunstâncias; sua única compulsão virá do íntimo e do alto.

Esse tipo de liberdade é necessária, se queremos ter novamente, em nossos púlpitos, pregadores cheios de poder, ao invés de mascotes. Esses homens livres servirão a Deus e à humanidade através de motivações elevadas demais, para serem compreendidas pelo grande número de religiosos que hoje entram e saem do santuário. Esse homens jamais tomarão decisões motivados pelo medo, não seguirão nenhum caminho impulsionados pelo desejo de agradar, não ministrarão por causa de condições financeiras, jamais realizarão qualquer ato religioso por simples costume; nem permitirão a si mesmos serem influenciados pelo amor à publicidade ou pelo desejo por boa reputação.

Muito do que a igreja faz em nossos dias, ela o faz porque tem medo de não fazê-lo. Associações de pastores atiram-se em projetos motivados apenas pelo temor de não se envolverem em tais projetos.

Sempre que o seu reconhecimento motivado pelo medo (do tipo que observa o que os outros dizem e fazem) os conduz a crer no que o mundo espera que eles façam, eles o farão na próxima segunda-feira pela manhã, com toda a espécie de zelo ostentoso e demonstração de piedade. A influência constrangedora da opinião pública é quem chama esses profetas, não a voz de Jeová. 

A verdadeira igreja jamais sondou as expectativas públicas, antes de se atirar em suas iniciativas. Seus líderes ouviram da parte de Deus e avançaram totalmente independentes do apoio popular ou da falta deste apoio. Eles sabiam que era vontade de Deus e o fizeram, e o povo os seguiu (às vezes em triunfo, porém mais freqüentemente com insultos e perseguição pública); e a recompensa de tais líderes foi a satisfação de estarem certos em um mundo errado. 

Outra característica do verdadeiro homem de Deus tem sido o amor. O homem livre, que aprendeu a ouvir a voz de Deus e ousou obedecê-la, sentiu o mesmo fardo moral que partiu os corações dos profetas do Antigo Testamento, esmagou a alma de nosso Senhor Jesus Cristo e arrancou abundantes lágrimas dos apóstolos. 

O homem livre jamais foi um tirano religioso, nem procurou exercer senhorio sobre a herança pertencente a Deus. O medo e a falta de segurança pessoal têm levado os homens a esmagarem os seus semelhantes debaixo de seus pés. Esse tipo de homem tinha algum interesse a proteger, alguma posição a assegurar; portanto, exigiu submissão de seus seguidores como garantia de sua própria segurança. Mas o homem livre, jamais; ele nada tem a proteger, nenhuma ambição a perseguir, nenhum inimigo a temer. Por esse motivo, ele é alguém completamente descuidado a respeito de seu prestígio entre os homens. Se o seguirem, muito bem; caso não o sigam, ele nada perde que seja querido ao seu coração; mas, quer ele seja aceito, quer seja rejeitado, continuará amando seu povo com sincera devoção. E somente a morte pode silenciar sua terna intercessão por eles. 

Sim, se o cristianismo evangélico tem de permanecer vivo, precisa novamente de homens, o tipo certo de homens. Deverá repudiar os fracotes que não ousam falar o que precisa ser externado; precisa buscar, em oração e muita humildade, o surgimento de homens feitos da mesma qualidade dos profetas e dos antigos mártires. Deus ouvirá os clamores de seu povo, assim como Ele ouviu os clamores de Israel no Egito. Haverá de enviar libertação, ao enviar libertadores. É assim que Ele age entre os homens. 

E, quando vierem os libertadores... serão homens de Deus, homens de coragem. Terão Deus ao seu lado, porque serão cuidadosos em permanecer ao lado dEle; serão cooperadores com Cristo e instrumentos nas mãos do Espírito Santo... 
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