É claro que vai! Pode esperar! Na igreja, estupidez é o novo pretinho básico. Dá em todo guarda-roupa do nosso mundinho fashion gospel...
Vai daí, antes que pululem nos comentários deste post as máximas da filosofia evalgélida - os campeões do lugar comum gospel-, eu já me adianto:
- Não toque nos ungidos; Com deus num se brinca; Não zombe dos dons espirituais; Ninguém segura o pudê de deuizi; Pelo menos eles estão falando de Gizuz; Eles estão pregando o evalgélio; Você é frio; e por ai vai.
Bem assim, aprouve a este autor passar além do humor e usar este vídeo como instrumento de edificação dos que consideram o exemplo ali visto, um bom testemunho cristão.
E deixo claro, desde o princípio, o meu respeito aos irmãos pentecostais. Ainda que seja desnecessário para a esmagadora maioria dos leitores habituais deste site - quem me conhece sabe bem o que penso, da minha história. Portanto, falo aos neófitos: o que se vê neste vídeo não é pentecostalismo. O que se vê é vergonha.
Ser cristão é ser imitador de Cristo. Agiria Cristo da forma vista neste vídeo? Ou o que vemos aqui são pessoas dando testemunho contrário? Já não bastasse não serem instrumento de benção a outros, as pessoas neste vídeo escandalizam e afastam as pessoas. Pior! Se dizem pastores, líderes! Denigrem a imagem do corpo.
O vídeo começa com um grupo fantasiado de crente (Palhaço usando uniforme de polícia está fantasiado, ou não?) entrando no vagão, tal e qual, membros de uma torcida (des)organizada. Tomam conta do pedaço, com seus gritos de guerra gospel, assustam as pessoas, intimidam.
O povo de Jesus é um povo ordeiro. E povo ordeiro não significa ser bitolado, sisudo, antipático, carrancudo, bobo, reprimido, alienado, etc. Somos ordeiros porque somos seguidores de Cristo, amamos o Seu caráter santo e somos cidadãos do Reino de Deus. Como cidadãos, somos alimentados pelo Espírito, já vivemos segundo a ordem do Reino e revelamos ao mundo os dons e a prática da nossa cidadania, do nosso empreendorismo, do nosso projeto de vida: amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, mansidão e domínio próprio. (Gálatas 5:22-23)
Este vídeo dá testemunho do Reino? Não. Nem mesmo “alegria” vemos ali. Só algazarra! A alegria é amorosa, jubilosa, afável, pacificadora e revigorante. Alegria é como bom perfume não afasta, mas convida. A algazarra, por seu turno, é egoísta, arrogante, beligerante, escarnecedora. E é isto que vemos aqui. Um bando de arruaceiros que invade o espaço público e se diverte atemorizando os que não fazem parte do seu grupo.
Ora, agindo assim é possível abrir caminho para pregar o Evangelho a alguém? Creio que não, mas assim foi feito. A turba gospel chegou e a primeira vez que se ouve o nome do Senhor foi quando um deles, aos berros, toma posse do vagão para Jesus e já segue dizendo que irá mostrar o pudê de deuzi e homem algum irá impedi-lo! E o que aconteceu? Afugentou as almas precisando conhecer o Senhor.
“Pelo menos, ele falou de Jesus”, dirá o meu futuro crítico... Pode ser meu caro, mas nada de Evangelho! Nenhuma palavra sobre pecado ou salvação. Só péssimo testemunho.
Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade. Mateus 7:22-23
O que se vê a seguir é pura demonstração de vaidade, carnalidade, presunção, embuste e, para encurtar a lista, o antônimo de cada palavra ditada por Paulo (Gl 5). Fossem eles tão dignos da unção especial que dizem ter, benditos pelo Senhor, não se notaria, tão contundentemente, a ausência de tudo o que se espera de quem o Espírito do Senhor repousa, como foi com David (Is 11:2): espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de inteligência, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor.
“Ninguém para a boca de um profeta!”, diz o destrambelhado e logo “profetiza”: - Crente que gosta de barulho faz favor de dar glória! Todos urram. Alguns, para a nossa tristeza, gritam o nome do Senhor e, claro, mais pessoas abandonam o local em nome de gizuz enquanto o outro beócio “ameaça” pregar a “palavra”.
Ficou na ameaça. Ninguém pregou nada. Meno male! (risos). Porém, se não vejamos:
- Em qual passagem bíblica o Senhor Jesus chegou a um lugar e disse que ia pregar o Evangelho do Reino, quisessem ou não os que lá estivessem?
- Quando foi que Jesus decidiu não mais estar à porta, mas arrombar e entrar? Abrindo já a geladeira e deitando no sofá, cantarolando o hit do Regis Danese?
- Era assim que a banda tocava na Galiléia?
Na sua terra se escandalizaram dEle, e o Senhor se impôs? (Mateus 13I, 54-58). Jesus não pregou e nem ficou com quem lhe pediu para se escusar. Jesus curou o endemoniado gadareno e se abancou na cidade contra a vontade do povo do local? Não! Foi e os deixou. E assim ensinou aos seus discípulos, quando estes fizeram seu “estágio para missionário”, lembram?
“Se em algum lugar não vos receberem, nem quiserem vos escutar, quando sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles!” (Mc 6,11)
Mas não foi assim naquele trem. Os bandoleiros de Gizuz se impuseram. Constrangeram. Falaram como bêbados e, sabe do pior: Não pregaram! Encheram-se de vaidade, queriam mostrar o puder de deus que estava com eles... E o que fizeram? Armaram um espetáculo circense. Deram piruetas. Simularam estar com um espirito, que mais parecia um encosto.
Simularam o falar em línguas, mas não edificaram. Assustaram. Será que os jovens ali presentes, talvez na espera de uma palavra de amor, candidatos a conhecer a Palavra compreenderam alguma coisa? Foram edificados ou assustados? Ah! Foram “impaquitados” !
Portanto, do que vale falar em línguas, quando não há quem as interprete e do que vale fazer assim, na presença de ímpios a quem deveriam estar evangelizando, se fazendo entender? De nada vale. Para os ímpios serão como bárbaros. Assim disse São Paulo:
1 Coríntios 14 2 E agora, irmãos, se eu for ter convosco falando em línguas, que vos aproveitaria, se não vos falasse ou por meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da doutrina? 9 Assim também vós, se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz? porque estareis como que falando ao ar. 11 Mas, se eu ignorar o sentido da voz, serei bárbaro para aquele a quem falo, e o que fala será bárbaro para mim. 12 Assim também vós, como desejais dons espirituais, procurai abundar neles, para edificação da igreja. 13 Por isso, o que fala em língua desconhecida, ore para que a possa interpretar.
E o que se vê depois? Carnalidade, vaidade, exibicionismo, triunfalismo...
O pior ficou para o final:
A turba afronta à autoridade local. Humilha os seguranças. Funcionários fazendo o seu trabalho com dignidade. Trabalhadores que tiveram ordens para não ceder à provocação, sob pena de perderem seus empregos. Ouviram mansos o achincalhe gospel, foram pacientes diante do olhar soberbo e das ameaças de maldição da camarilha de jiuvá:
- Não toque nos ungidos!
- “deus” vai bagunçar a sua vida!
- Você vai dar com a cara no pó!
Pergunto:
- Quem foram os pacientes, pacificadores, benevolentes, mansos e com domínio de si?
Da algazarra, do desrespeito ao direito do próximo, fazendo sujeira, ao estilo “marcha para jesus”, O QUE O IRMÃOZINHO ALI MERECIA ERA SER LEVADO À DELEGACIA DE POLÍCIA POR VADIAGEM e TRANSTORNO À ORDEM PÚBLICA!
Mas será que não é exatamente o que ele queria?
Não seria este o galardão que lhe falta na coleção de “puderes”? Girador na unxão, caidor no ispíritu, falador de linga di anjo, dono de paletó derrubador, marchador destemido e etc.?
Pronto! Seria a grande bença" Nasce um mártir. Um “ungido tocado”. Preso por pregar o evalgélio!
Não! Espere! Faltam mais bênçãos a este varão:
Um telecurso primeiro grau que lhe permita ler aquela Bíblia que ele carrega debaixo do braço e, principalmente, que lhe haja um Felipe na vida!
-“Entendes o que lês?”, ô varonete (Atos 8:30).
Ah! Que falta faz o nosso apóstolo jumper!
Danilo Fernandes, postando resignado no
Genizah